Investimento no combate à Aids evitaria 3,5 milhões de órfãos em Moçambique

Levantamento da Unaids revela que níveis adequados de financiamento para travar a doença podem gerar avanços sociais e econômicos

Caso plenamente financiadas, as metas de 2030 de resposta ao vírus HIV podem gerar uma “tripla vitória” em 13 países africanos. A conclusão é de uma nova publicação do Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/Aids (Unaids).

O relatório “Um Triplo Dividendo: Os Ganhos Sociais, Econômicos e de Saúde do Financiamento da Resposta ao HIV na África”, revela que Moçambique poderia evitar, até 2030, cerca de 440 mil mortes. O número de crianças órfãs reduziria em 3,5 milhões.

O relatório indica que investimentos na luta contra o vírus geram benefícios de saúde, como redução das infecções e da mortalidade. Tais resultados melhoram indicadores sociais e impulsionam o crescimento econômico, garantindo progresso nessas três áreas.

Dos 13 países analisados, Moçambique é o que pode alcançar os melhores resultados em redução de mortalidade. Por deter altas taxas de comorbidades relacionadas ao HIV, como tuberculose e malária, o país africano pode chegar a reduzir 24% nos óbitos, ou 65 mil mortes a menos por ano.

Paciente recebe medicação retroviral em posto de saúde da ONU em Botsuana (Foto: Unaids)

Segundo o estudo do Unaids, outro ganho significativo seria a redução em 29% da quantidade de crianças órfãs no país. Os dados apontam que investir para acabar com a epidemia também melhoraria os resultados educacionais, especialmente para mulheres e meninas, e ajudaria a reduzir as desigualdades de gênero.

A diminuição no número de infecções nos países analisados pode variar entre 40% e 90%. Em Moçambique, a redução da incidência pode chegar a 70%.

US$ 29 bilhões anuais

A diretora-executiva do Unaids, Winnie Byanyima, comentou que os níveis adequados de financiamento têm a capacidade de colocar os países africanos “no caminho” para a construção de sistemas de saúde mais resilientes e melhor preparados para futuras pandemias.

A agência estima que os países de baixa e média renda precisarão de investimentos anuais de US$ 29 bilhões para cumprir as metas de acabar com a Aids como uma ameaça à saúde pública até 2030.

Os níveis de financiamento em 2020 caíram quase 30%, tornando as necessidades de recursos subsequentes mais difíceis de alcançar. O Unaids projeta mais de 7 milhões de mortes relacionadas à Aids até 2030. Metade delas pode ser evitada se a resposta for totalmente financiada.

Maior produtividade

As metas foram definidas pela Declaração Política de 2021 sobre HIV e Aids. O relatório lançado na terça-feira (11) mostra que os ganhos de saúde melhoram resultados educacionais, gerando maior produtividade das gerações atuais e futuras.

O documento projeta que o Produto Interno bruto (PIB) da África do Sul pode ser 2,8% maior, e o Quênia pode ter um aumento de produtividade de 1,1% até 2030 se as metas de financiamento em ações contra o HIV forem cumpridas.

Os objetivos globais para 2025 incluem reduzir as novas infecções para menos de 370 mil e reduzir o número de pessoas que morrem de doenças relacionadas à Aids para menos de 250 mil.

Em nível global, 38,4 milhões de pessoas estavam vivendo com o vírus em 2021. Naquele ano ocorreram 1,5 milhão de novas infeções e 650 mil óbitos.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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