O presidente de Serra Leoa, Julius Maada Bio, anunciou que a maioria dos líderes dos ataques ocorridos no domingo (26), coordenados em importantes quartéis e prisões militares, foram presos. Em meio à tensão na capital, as ruas permaneceram desertas nesta segunda-feira (27), mesmo após o afrouxamento do toque de recolher de 24 horas imposto pelas autoridades. As informações são da agencia Associated Press.
Os ataques do fim de semana surpreenderam moradores e forças de segurança, gerando receios de um possível golpe na já instável região da África Ocidental. No entanto, Bio assegurou que “a calma foi restaurada” e que as operações de segurança e investigações estão em andamento.
Os residentes da capital, Freetown, foram despertados por intensos tiroteios quando homens armados tentaram invadir o principal depósito de armas do maior quartel militar do país, localizado nas proximidades da residência presidencial, em uma área altamente vigiada da cidade. Um número não confirmado de detentos foi libertado ou raptado, disseram as autoridades.

Pouco se sabe sobre a identidade e motivações dos agressores envolvidos nos recentes eventos em Serra Leoa. O ex-presidente Ernest Bai Koroma relatou a morte de um de seus guardas militares em sua residência na capital, com outro sendo levado pelos agressores. Em entrevistas locais, alguns dos envolvidos alegaram que seu objetivo era “limpar o sistema” e não prejudicar civis.
Desde a reeleição de Bio em junho deste ano, Serra Leoa tem vivenciado um clima de nervosismo, marcado pela contestação do principal candidato da oposição e pela desconfiança de parceiros internacionais em relação ao processo eleitoral.
O ministro da Informação, Chernor Bah, anunciou que o toque de recolher das 21h às 6h continuará em vigor até novo aviso, enquanto insta os residentes a “manterem a calma, mas permanecerem vigilantes”. No entanto, uma considerável parcela da população na capital e em todo o país optou por permanecer em casa, temendo potenciais episódios de violência.
O ataque ocorrido no domingo intensificou a tensão na região da África Ocidental e Central, inserindo-se em um contexto de aumento de golpes de estado nos últimos anos. A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) condenou veementemente o que descreveu como uma tentativa de “perturbar a ordem constitucional” por parte de certos indivíduos no país.
A União Europeia (UE) reagiu prontamente ao ataque. Em uma declaração divulgada no X, antigo Twitter, o bloco econômico expressou preocupação com os eventos no país e fez um apelo ao respeito pela ordem constitucional. Condenando a tomada forçada de quartéis militares, a UE reiterou seu compromisso em apoiar aqueles “dedicados a uma Serra Leoa pacífica e democrática”.