Na capital da República Centro-Africana (RCA), Bangui, um monumento foi erguido para homenagear Evgeny Prigozhin, o polêmico fundador do Wagner Group, grupo mercenário russo, que morreu em um acidente de avião em 2023. A estátua, inaugurada em uma cerimônia oficial, também retrata Dmitri Utkin, braço direito de Prigozhin, segurando um rifle AK-47, enquanto o empresário aparece com um walkie-talkie e vestindo um colete à prova de balas. As informações são da rede BBC.
O evento contou com a presença de figuras importantes, como o ministro da Defesa, Rameau Claude Bireau, e oficiais militares de alto escalão, destacando a importância simbólica da parceria entre a RCA e a Rússia. Em declaração oficial, a polícia nacional da RCA afirmou que o monumento reflete o “relacionamento bilateral” entre os dois países.
O Wagner, um dia reconhecido pelo “heroísmo” contra o extremismo islâmico na África, de acordo com a narrativa do Kremlin, começou a operar na RCA em 2018, após ser convidado pelo presidente Faustin-Archange Touadéra para ajudar no combate a grupos rebeldes que ameaçavam o controle do governo. Além do apoio militar, as subsidiárias do Wagner assumiram a exploração de minas de ouro e diamantes, consolidando a presença russa na região.
A exploração de recursos minerais não é novidade para o Wagner Group, que foi acusado de fazer o mesmo em outros países nos quais marcou presença em conflitos. Em Burkina Faso, uma mina teria sido usada como pagamento aos mercenários. No Mali, fontes sustentam que os serviços da organização russa custem US$ 10,8 milhões por mês, dinheiro que viria da extração de minerais.
“A situação era de caos: 80% do território estava nas mãos de grupos armados. Hoje, graças a essa cooperação, o cenário se inverteu”, afirmou Touadéra em entrevista à BBC em dezembro passado.
Apesar disso, críticos apontam que o governo depende fortemente dos mercenários russos em troca da exploração dos vastos recursos naturais do país, incluindo diamantes, ouro, petróleo e urânio.
Prigozhin fundou o Wagner Group em 2014, inicialmente focando suas operações no Oriente Médio e na África, antes de expandir para a Ucrânia em 2022. Ele e Utkin morreram em agosto de 2023, quando seu jato particular caiu próximo a Moscou, pouco tempo após um motim fracassado contra o Kremlin.
Embora o governo russo negue envolvimento no acidente, a morte de Prigozhin gerou ampla especulação sobre represálias políticas. Desde então, a empresa militar privada foi reestruturada sob o nome de Africa Corps, que de maneira controversa compartilha o nome com a força expedicionária de Adolf Hitler (Afrika Korps), mas segue operando sob o nome Wagner na RCA.
Este não é o primeiro monumento erguido em Bangui para destacar a cooperação entre a Rússia e a RCA. Uma estátua anterior já imortalizava soldados russos protegendo uma mulher e seus filhos, simbolizando a aliança militar.