No Mali, junta militar não nomeia presidente mesmo com prazo e sanções

Comunidade de Estados africanos pressiona para que novo presidente do Mali após golpe de agosto seja um civil

Nem as sanções econômicas e nem a última rodada de negociações mediada pela Ecowas (Comunidade Econômica de Países da África Ocidental), nesta terça (15), foram suficientes para impor que a junta militar que tomou o poder no Mali em agosto nomeasse um presidente de transição.

Na negociação, os líderes rebeldes negaram qualquer tratativa para indicar um novo presidente. A Ecowas pressiona para que o novo chefe de Estado seja um civil e que novas eleições aconteçam dentro de um ano.

“Precisamos de uma liderança civil para a transição”, disse o presidente de Gana e cabeça do grupo, Nan Akufo-Addo, à Al-Jazeera.

Ecowas pressiona para que novo presidente do Mali seja um civil; líderes que lideram país desde agosto discordam
Registro da cúpula do Ecowas na reunião do dia 15 de setembro de 2020, em Aburi, Gana (Foto: Ecowas)

A imposição, no entanto, vai na contramão do que espera a junta militar malinesa. No sábado (12), os governadores do país aprovaram um regulamento que define o presidente interino como “soldado ou civil”. Não há qualquer indicação de quando o novo governo será nomeado.

A crise do país se intensificou no dia 18 de agosto, quando militares rebeldes prenderam e forçaram o então presidente Ibrahim Boubakar Keita a renunciar ao cargo.

 Cabo de força

Os líderes da Ecowas temem que o golpe do Mali respingue nos países vizinhos da região do Sahel, já fragilizados pelos combates armados contra os grupos Al Qaeda e Estado Islâmico que dominam parte do território.

“No minuto em que a liderança entrar em vigor, as sanções serão suspensas”, completou. Uma comitiva de mediação deve retornar ao Mali na próxima semana para uma nova rodada de conversas, informou Akufo-Addo.

As sanções ao Mali incluem o fechamento de fronteiras e suspensão de fluxos financeiros ao país. A Ecowas, no entanto, não especificou se as sanções se aprofundarão caso os prazos não sejam cumpridos.

Na avaliação da Ecowas, o governo de transição poderá permanecer por até 18 meses – seis meses a mais que o prazo estabelecido no início da crise.

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