O número de vítimas em uma série de ataques a aldeias no centro da Nigéria aumentou para quase 200, segundo as autoridades locais. A violência foi registrada entre a noite de sábado (23) e a manhã de terça-feira (26) no estado de Plateau, uma região marcada por tensões religiosas e étnicas e com conflitos frequentes entre pastores e agricultores . As informações são do site The Defense Post.
A estimativa anterior de vítimas, divulgada na terça, era de 163 e foi atualizada na quarta-feira (27). O episódio foi o mais grave surto de violência em Plateau desde maio deste ano, quando mais de cem pessoas perderam a vida em outros confrontos entre agricultores e pastores.
Em uma reunião na segunda-feira (25) com o governo central nigeriano, Monday Kassah, o líder do governo local em Bokkos, no estado de Plateau, revelou que 148 moradores da cidade foram mortos nos recentes ataques. Já Dickson Chollom, membro do parlamento estadual, informou que pelo menos 50 pessoas perderam a vida em vários vilarejos na área de Barkin Ladi.
Na quarta, o vice-presidente Kashim Shettima dirigiu-se às autoridades locais e às pessoas deslocadas, pedindo que “resistam à tentação de ceder às divisões ou à retórica de ódio contra seus concidadãos”. Ele enfatizou a busca por justiça para garantir a segurança de todos.
Na terça, Kassah disse à agência AFP que existe preocupação de que o número de mortos seja maior, já que algumas pessoas ainda estão desaparecidas. Ele também mencionou que 500 pessoas ficaram feridas e milhares tiveram que deixar suas casas. Pelo menos 20 aldeias foram atacadas.
Milhares foram deslocados e tiros ainda eram ouvidos na segunda-feira à tarde (horário local) na região, localizada entre o norte muçulmano e o sul cristão.
Condenações
O presidente nigeriano, Bola Ahmed Tinubu, condenou os ataques na terça-feira e ordenou a intervenção imediata das forças de segurança para capturar os agressores. O governador do estado de Plateau, Caleb Mutfwang, também pediu esforços conjuntos para identificar e prender os responsáveis pelos atos.
A região enfrenta conflitos de longa data entre agricultores e pastores, muitas vezes relacionados a disputas por terras e recursos naturais. As diferenças étnicas e religiosas entre grupos, principalmente entre comunidades cristãs e muçulmanas, também contribuem para as hostilidades.
Milícias de “bandidos“, nome popularmente atribuído a grupos armados sem vínculo ideológico que atuam sobretudo no norte nigeriano, completam o cenário de violência. Eles operam a partir de bases nas florestas, realizam saques e coordenam sequestros em troca de resgate, particularmente em escolas.
Além disso, o aumento rápido da população, aliado às pressões climáticas, intensificou as tensões sociais e igualmente contribuiu para o surgimento de episódios de violência.