ONU destaca necessidade urgente de recuperar terras degradadas na África

Primeiro inventário da floresta e paisagem aponta progresso demorado na restauração das terras degradadas no continente

A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) divulgou a edição 2021 da Revista da Restauração Florestal e Paisagística da África. O lançamento ocorreu durante a Semana Climática, que coincidiu também com a Década do Ecossistema das Nações Unidas.

A revista recomenda mais ações para aproveitar a oportunidade do continente em devolver a terra à produção sustentável, a proteção da biodiversidade e dos meios de subsistência na luta contra as alterações climáticas. 

O representante regional da FAO para a África, Abebe Haile-Gabriel, declarou que o crescente desaparecimento das florestas geram na África uma perda anual de 3% do PIB. Segundo ele, 60% dos africanos dependem das terras e florestas. 

Até 65% de terras produtivas estão degradadas na África (Foto: FAO/Luis Tato)

O especialista declarou que “as paisagens florestais degradadas intensificam os efeitos da mudança climática e são uma barreira à construção de comunidades prosperas e resilientes”. 

A revista indica que mais de 65% da terra produtiva está degradada, e a desertificação afeta 45% do território africano. Isto num momento em que a tendência geral desce, com 4 milhões de hectares florestais desaparecendo a cada ano. 

As terras secas são cada vez mais vulneráveis às alterações climáticas e o seu restabelecimento é uma prioridade para a adaptação e construção de sistemas alimentares resilientes e sustentáveis. 

Os projetos analisados pela FAO têm uma forte dimensão da mudança climática, que não só visam sequestrar o carbono, mas também criar emprego e reduzir a vulnerabilidade das pessoas rurais à insegurança alimentar. 

Para a especialista florestal sênior da FAO, Nora Berrahmouni, estender-se muito além do plantio de árvores, restauração de florestas e paisagens perdidas é de grande benefício à produção alimentar sustentável, construção de resiliência e redução de riscos de desastres. 

Berrahmouni, que é também uma das autoras do estudo, aconselhou os países africanos e parceiros a aumentar os esforços na restauração florestal e de paisagem como solução viável ao aquecimento global

Ela acrescentou que embora seja um processo de longo prazo, é uma solução sustentável e voltada ao futuro. 

Terra seca

O continente tem 1 bilhão de hectares de terra seca, dos quais 393 milhões precisam de renovação nas grandes áreas verdes da África. 

A parceria AFR100 comprometeu 31 governos africanos a restaurar 100 milhões de hectares até 2030, e o desafio foi superado. 

Estima-se que a África tenha 132 milhões de hectares adicionais de terras aráveis degradadas, que combinado às mudanças climáticas, tornam milhões mais vulneráveis. 

O relatório identifica propriedade local, apoio político de alto nível e acesso às finanças como cruciais ao sucesso. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News 

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