ONU atua em Cabo Verde para mitigar mudanças climáticas e gerar empregos

Representante das Nações Unidas diz que seca que atinge o país há mais de quatro anos impacta na agropecuário e na geração de empregos

A ONU (Organização das Nações Unidas) em Cabo Verde está liderando iniciativas para apoiar as autoridades do país africano na mitigação dos impactos da mudança climática. Em três das ilhas cabo-verdianas, estas ações incentivam a criação de mil empregos em 24 comunidades rurais.

A chefe da ONU no país de língua portuguesa, Ana Patricia Graça, explicou a relação entre a questão climática e a falta de oportunidades. Segundo ela, a seca que atinge o país há mais de quatro anos é um “desastre silencioso”, pois impacta o setor agropecuário e a geração de empregos.

“O país está ainda a atravessar uma seca profunda há mais de quatro anos. Com as consequências que isto tem, em particular num pequeno estado insular como Cabo Verde, que depende da terra, não é? Terra esta que com a seca tem sofrido desertificação séria”, disse Ana Graça.

O resultado da escassez de chuvas é a falta de terras aráveis em Cabo Verde, o que preocupa as autoridades. uma vez que as áreas produtivas são limitadas. Assim, o apoio ao setor agrário do país fomenta a criação de empregos e a retenção de jovens.

Uma das iniciativas da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) para contribuir com a mitigação dos efeitos climáticos e com a geração de empregos foi o reflorestamento de mais de mil hectares por meio de um programa financiado pela União Europeia (UE), que acaba de ser concluído.

Ana Graça afirma que a criação de empregos é uma das prioridades da atuação da ONU em Cabo Verde, que recentemente divulgou seu quadro de cooperação para os próximos cinco anos. No topo da lista aparecem as iniciativas para o trabalho no desenvolvimento humano e na educação.

“Efetivamente, a criação de emprego e de oportunidades para os jovens é uma prioridade absoluta do governo de Cabo Verde e das Nações Unidas. A FAO, também fazendo esta ligação à questão climática, tem investido muito também com o apoio de outros parceiros, como a União Europeia, em projetos de reflorestação que são feitos através da comunidade, gerando emprego para as comunidades”, disse ela.

Segundo a líder das Nações Unidas no país, igualdade de gênero e erradicação da pobreza extrema também fazem parte da agenda.

Vista aérea de Praia, capital de Cabo Verde, em 2007 (Foto: David Trainer/Wikimedia Commons)

De acordo com os dados da ONU, com outros investimentos público-privados inovadores, serão instalados parques solares que fornecem eletricidade a uma usina de dessalinização de água, beneficiando mais de 11 mil pessoas em duas ilhas.

Este é o resultado de apenas uma das quase 30 iniciativas que atendem às necessidades de energia limpa e água, apoiadas pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial e financiadas pelo Fundo para o Meio Ambiente Global.

Ana Graça explica que a questão da água é um fator de preocupação tanto do ponto de vista humano quanto para o setor agrário.

“As questões da água, da mobilização da água, que é essencial para a sobrevivência das pessoas, para a agricultura. Naturalmente, sendo um Estado insular, a terra arável não é abundante, pelo que é preciso efetivamente que haja água para se poder produzir e fazer agricultura”, afirmou.

Outras agências da ONU também estão atuando no país para impulsionar o desenvolvimento sustentável: o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) e UN-Habitat estão apoiando 7 mil pessoas em comunidades vulneráveis com um processo para projetar e reconstruir espaços públicos inclusivos.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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