PMA suspende as operações de ajuda ao Sudão após a morte de funcionários em distúrbios

Trabalhadores estavam realizando tarefas de salvamento em Kabkabiya, no norte de Darfur, quando foram mortos

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) suspendeu temporariamente todas as operações no Sudão, como resultado dos combates entre grupos militares rivais que levaram à morte de três funcionários da entidade no sábado (15). O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) pediu que os responsáveis ​​sejam levados à justiça.

De acordo com uma declaração atribuível à diretora executiva da agência da ONU, Cindy McCain, os trabalhadores estavam realizando tarefas de salvamento em Kabkabiya, no norte de Darfur.

Em um incidente separado no sábado, uma aeronave do Serviço Aéreo Humanitário da ONU (UNHAS) gerenciada pelo PMA foi significativamente danificada no aeroporto internacional de Cartum durante uma troca de tiros, afetando seriamente a capacidade da agência de mover trabalhadores humanitários e ajuda dentro do país.

Na declaração, McCain explicou que todas as operações no Sudão foram suspensas, aguardando uma revisão da evolução da situação de segurança.

Missão da ONU em Darfur (Foto: Albert González Farran/UN Photo)

“O PMA está empenhado em ajudar o povo sudanês que enfrenta uma terrível insegurança alimentar”, disse McCain. “Mas não podemos fazer nosso trabalho de salvar vidas se a segurança de nossas equipes e parceiros não for garantida. Todas as partes devem chegar a um acordo que garanta a segurança dos trabalhadores humanitários no terreno e permita a entrega contínua de assistência humanitária que salva vidas ao povo do Sudão. Eles continuam sendo nossa principal prioridade.”

McCain enfatizou que as ameaças às equipes do PMA impossibilitam que elas operem com segurança e eficácia no país e realizem o trabalho crítico da agência da ONU. E acrescentou que qualquer perda de vida em serviço humanitário é inaceitável, exigindo então medidas imediatas para garantir a segurança daqueles que permanecem.

‘Justiça sem demora’

Respondendo à crise no domingo (16), o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que os responsáveis ​​sejam levados à justiça sem demora.

Ele expressou profunda preocupação com os confrontos contínuos e lembrou às partes em conflito a necessidade de respeitar o direito internacional, incluindo a obrigação de garantir a segurança de todas as Nações Unidas e pessoal associado, suas instalações e seus bens.

O secretário-geral reiterou seu apelo para a interrupção imediata dos combates e o retorno ao diálogo, e enfatizou que continua a se envolver com os líderes regionais e com as partes interessadas sudanesas para encontrar uma saída para esta crise.

‘Não são um alvo’

O representante especial do secretário-geral para o Sudão e chefe da missão Integrada de assistência à Transição da ONU (UNITAMS), Volker Perthes, condenou veementemente os ataques de domingo e insistiu que civis e trabalhadores humanitários “não são um alvo”.

Perthes referiu-se a relatos de projéteis atingindo instalações da ONU e outras instalações humanitárias e de saques nessas instalações, em vários locais em Darfur.

O chefe da UNITAMS disse que esses atos de violência atrapalham a prestação de assistência que salva vidas e devem terminar. “Quando incidentes como esse ocorrem, são as mulheres, homens e crianças que precisam desesperadamente de assistência que mais sofrem.”

Os membros do Conselho de Segurança somaram suas vozes aos apelos pelo fim das hostilidades no domingo, em um comunicado expressando seu pesar pela perda de vidas e feridos. Eles exortaram as partes a restabelecer a calma e a retomar o diálogo para resolver a atual crise no Sudão.

E enfatizaram a importância de manter o acesso humanitário e garantir a segurança do pessoal da ONU, reafirmando seu “forte compromisso com a unidade, soberania, independência e integridade territorial da República do Sudão”.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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