Surgido em 2009 como uma resposta à crise global do ano anterior, o BRICS, bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mesmo com tantas diferenças geopolíticas, parece perto de aumentar. Enquanto isso, do lado de fora, os EUA lutam para promover sua agenda global além dos aliados e parceiros tradicionais, sem tirar o olho do que pode vir a acontecer com as potenciais novas adesões. As informações são da revista Newsweek.
O BRICS é composto por mais de um quarto do PIB mundial e cerca de 40% da população global. Como interesse comum, há um desejo de fortalecer os mecanismos econômicos e comerciais fora da estrutura ocidental, o que tem demonstrado crescente apelo no exterior. E conflitos e discordâncias diretas não têm espaço nele, já que, quando reunidas, as reconhecidas potências deixam de lado as diferenças em prol de uma abordagem de multilateralismo.
O fato de os Estados-Membros contestarem a ordem econômica hegemônica de EUA e Europa atraiu novos interessados. Após a última cúpula, realizada em junho em Beijing, Argentina e Irã se inscreveram para ingressar na organização.
E não para por aí. Segundo declarou à mídia russa a indiana Purnima Anand, presidente do Fórum Internacional do BRICS, Turquia, Egito e Arábia Saudita podem “muito em breve” se juntar ao grupo das maiores economias em desenvolvimento.
O décimo país pode ser a Argélia. Na segunda-feira (7), a enviada especial do país africano, Leila Zerrougui, confirmou que Argel foi o último a se candidatar formalmente à adesão, segundo informou o portal de notícias local Al Shorouq.
Apesar de Washington já ter arquivados as preocupações de que os BRICS poderiam representar um sério desafio ao poderio econômico do G7, composto por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, a guerra na Ucrânia e consequentes sanções ocidentais pintaram um novo quadro, colocando o agrupamento de emergentes no centro das atenções. Principalmente por conta de combustível fóssil.
Especialistas observam que as reservas de gás natural da África são numerosas, e que países como a Argélia já possuem dutos que conectam à Europa, porém, o grande empecilho são os desafios de infraestrutura e segurança enfrentado pelos produtores locais, impossibilitando o aumento as exportações de energia. Ou seja: enquanto a UE luta para se livrar da energia russa, a nação do norte da África está entre as alternativas em discussão
Nesse pacote de preocupações ocidentais o desejo da Arábia Saudita de se juntar ao bloco também causa preocupações. Semanas depois que a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) decidiu cortar a produção global de petróleo em dois milhões de barris, piorando o clima entre Washington e Riad, enquanto o presidente Joe Biden lutava para manter os preços dos combustíveis baixos, seu homônimo russo, Vladimir Putin, apoiou abertamente a ideia da adesão da Arábia Saudita.
“A Arábia Saudita é uma nação em rápido crescimento, e não apenas porque é líder na produção de hidrocarbonetos e extração de petróleo”, disse Putin no final de outubro. “É porque o príncipe herdeiro e o governo saudita têm planos muito grandes para diversificar a economia, o que é muito importante.”
Logo em seguida a China endossou os comentários do chefe do Kremlin. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Wang Wenbin, disse em uma coletiva de imprensa que Beijing “apoia ativamente o processo de expansão do BRICS”.
O Wall Street Journal informou no domingo (6) que o presidente chinês Xi Jinping estaria se preparando para visitar a Arábia Saudita antes do final do ano. O encontro deve ocorrer dentro de um contexto em que Beijing e Riad “lutam por uma ordem mundial mais multipolar”.