Profissionais de saúde e crianças estão entre os 200 mortos em ataques em Darfur

Mortes ocorreram nos últimos seis dias, em confrontos entre as comunidades árabes Rzeigat e as africanas Masalit

A recente violência intercomunitária em áreas de Darfur Ocidental, no Sudão, que deixou quase 200 de mortos, incluindo dois profissionais de saúde, levou a um protesto da OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta quinta-feira (28). As pessoas morreram nos últimos seis dias, em confrontos renovados entre as comunidades árabes Rzeigat e as africanas Masalit, em torno da cidade de Kereneik.

Duas unidades de saúde também foram atacadas e milhares de deslocados buscaram refúgio no complexo militar da cidade.

“A OMS se junta ao Representante Especial do Secretário-Geral e outras agências e parceiros humanitários para pedir o fim imediato desses ataques brutais e sem sentido contra civis, profissionais de saúde e instalações de saúde”, disse o Ahmed Al-Mandhari, diretor regional para o Mediterrâneo Oriental.

Os dois profissionais de saúde foram mortos quando homens armados atacaram dois hospitais em Kereneik e na capital do estado, El Geneina, no fim de semana passado.

A OMS disse que esses ataques foram uma grande violação do direito internacional e pediu que a neutralidade dos profissionais de saúde, instalações de saúde e pacientes seja respeitada.

Refugiado é fotografado em campo de Darfur, no Sudão, em dezembro de 2007 (Foto: OCHA/Pierre Holtz)

A agência da ONU acrescentou que, durante o mês sagrado do Ramadã, as partes em conflito devem respeitar os valores fundamentais de misericórdia, respeito, confiança e solidariedade. “Os profissionais de saúde que prestam cuidados que salvam vidas de civis feridos já estão sobrecarregados e não devem correr o risco de intimidação ou ataque”, disse Al-Mandhari.

Crianças mortas

Pelo menos 21 crianças, incluindo um bebê de 11 meses, foram mortas na violência, disse o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Adele Khodr, diretora regional do órgão para o Oriente Médio e Norte da África, sublinhou que “as crianças não são um alvo” nas hostilidades.

“O assassinato de crianças é uma grave violação de seus direitos. Nada justifica matar crianças. Renovamos nosso apelo pela paz e pedimos às autoridades do Sudão que protejam as crianças em Darfur e em todo o Sudão de danos e violência em todos os momentos”, disse ela.

Enquanto isso, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos pediu uma investigação sobre os ataques e instou as autoridades sudanesas a tomarem medidas urgentes para evitar novos surtos de violência comunitária no oeste de Darfur.

Michelle Bachelet disse estar chocada com os relatos de assassinatos, ferimentos e deslocamentos, de acordo com um comunicado divulgado na quarta-feira (27).

“Estou preocupado que esta região continue a ver repetidos e graves incidentes de violência intercomunitária, com vítimas em massa. Embora as medidas iniciais tomadas pelas autoridades para acalmar as tensões sejam bem-vindas, exorto as autoridades a abordar as causas subjacentes da violência nesta região e cumprir sua responsabilidade de proteger a população”, disse ela.

Bachelet pediu ação imediata, inclusive para ajudar os feridos e facilitar a assistência humanitária aos deslocados. “Peço às autoridades sudanesas que conduzam investigações rápidas, completas, imparciais e independentes sobre esses ataques e responsabilizem todos os responsáveis ​​de acordo com a lei internacional de direitos humanos. As vítimas e suas famílias têm direito a remédios eficazes”, disse ela.

A situação dos direitos humanos no Sudão continuou a se deteriorar desde o golpe militar em outubro de 2021, segundo seu gabinete.

A Alta Comissária instou as autoridades sudanesas a tomarem medidas credíveis para criar um ambiente conducente a um acordo político inclusivo que reponha a transição democrática nos trilhos.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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