Aumento da violência em Darfur causa o deslocamento de milhares de civis

Segundo a Acnur, situação é mais crítica em Jebel Moon, onde nas últimas semanas 10 mil pessoas decidiram abandonar suas casas

A violência na região de Darfur, no Sudão, tem aumentando nas últimas semanas, fazendo com que milhares de civis abandonem suas casas. Nesta terça-feira (7), a agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para refugiados, Acnur, divulgou uma nota onde destaca a “enorme preocupação com a escalada” do conflito desde novembro.

Quase dez mil pessoas já fugiram da violência intercomunitária em Jebel Moon, localizada na zona oeste de Darfur. Cerca de duas mil, a maioria mulheres e meninas, foram buscar refúgio no Chade. Segundo o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), dezenas de pessoas já foram mortas em Jebel Moon e quase 800 casas foram incendiadas. 

Aumento da violência em Darfur causa o deslocamento de milhares de civis
Famílias deslocadas internamente se reúnem em ponto de encontro fora de uma escola na cidade de El Geneina (Foto: Modesta Ndubi/Acnur)

As equipes do Acnur estiveram em Jebel Moon na semana passada, entregando ajuda para 1,6 mil famílias de deslocados internos, incluindo cobertores, colchonetes, kits para cozinha e redes mosquiteiras. 

Os funcionários da agência da ONU também têm recebido relatos que classificam como “alarmantes” a destruição de vilas em Darfur, os casos de violência sexual e os roubos de cabeças de gado. A Acnur teme que esses ataques aumentem, piorando ainda mais a situação humanitária na região sudanesa. 

Além da violência, os moradores de Darfur sofrem com a falta de chuvas e a infestação de insetos, que prejudicam a temporada de plantio agrícola. Muitos agricultores estão preocupados com a possibilidade de as colheitas não acontecerem, o que agravaria a insegurança alimentar. 

Com o aumento do número de civis em risco, a Acnur e seus parceiros têm se encontrado com autoridades do país e líderes comunitários para discutir a piora da situação e a tentativa de garantir a segurança dos civis. 

Os sudaneses que conseguiram atravessar para o Chade precisam de comida, água e abrigo, e a Acnur trabalha com as autoridades locais para garantir a assistência de emergência. 

Recessão econômica

O Sudão tem cerca de 3 milhões de deslocados internos, sendo que mais de 80% vivem na região de Darfur. Somente neste ano, houve pelo menos 200 incidentes violentos, levando ao aumento dos desalojados. 

Já o Ocha lembra que o Sudão enfrenta uma recessão econômica desde 2018, o que agrava ainda mais as condiçõs de vidas dos civis. A estimativa é de que 6,2 milhões de pessoas em Darfur precisem receber assistência humanitária em 2022, representando metade da população da região. 

O conflito na área tem tomado “dimensões múltiplas”, com muitos grupos armados e criminosos operando na região. O Ocha avalia que reduzir as necessidades humanitárias depende de soluções duradouras para os deslocados e da melhoria da crise econômica. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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