A Turquia e o governo da Líbia, reconhecido pela comunidade internacional, discutem o uso de duas bases militares líbias por parte dos turcos, afirmou uma fonte à agência de notícias Reuters nesta segunda (15).
Uma presença aérea e naval da Turquia no país do norte africano poderia reforçar a crescente influência turca na região, inclusive na Síria, e impulsionar a reivindicação por recursos de petróleo e gás.
A Turquia ainda assinalou possíveis acordos de energia e construção com Trípoli. As obras começariam logo após o fim do conflito entre o governo da Líbia e o Exército Nacional Líbio, rebelde, comandado pelo militar Khalifa Haftar.
O governo internacionalmente reconhecido registrou ganhos importantes contra Haftar. O mais recente foi a retomada do último reduto rebelde no oeste do país, a cidade de Tarhuna.
No ano passado, Ancara concedeu seu apoio ao governo em Trípoli. A mudança aconteceu depois de um acordo de demarcação marítima, que dá direitos de perfuração do solo marítimo perto de Creta aos turcos.
O acordo sofre oposição da Grécia, de Chipre, de Israel e da União Europeia.
Confrontos em Sirte
Apesar de todos os envolvidos no conflito afirmarem que devem retomar as negociações para um cessar-fogo, fortes confrontos têm surgido perto da cidade costeira de Sirte, próxima aos princiapis terminais de exportação de energia da costa do Mediterrâneo.
A Turquia e a Rússia, que apóia Haftar, adiaram uma conversa sobre a Líbia, marcada para o domingo (14). O motivo seriam discordâncias em relação às investidas do governo líbio para retomar Sirte. Os dois países, tradicionais aliados, estão em lados opostos na disputa pela Líbia.
No entanto, nesta segunda (15), o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, afirmou que não há desacordos entre os dois países, que continuarão a buscar o cessar-fogo na Líbia.
Valas comuns
No último sábado (13), o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou estar em choque pela descoberta de valas comuns na Líbia, em um território dominado por Haftar.
Pelo menos oito túmulos coletivos foram descobertos na última quinta (11) pela missão de apoio da ONU no país africano. Guterres pediu uma investigação “completa e transparente” sobre a descoberta.
O secretário-geral pediu ainda que as autoridades identifiquem as vítimas e as causas das mortes e que devolvam os corpos aos parentes.
Desde a queda de Muammar Gaddafi, apoiada pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em 2011, a Líbia está em guerra.
Desde 2014, o país africano está dividido entre o governo internacionalmente reconhecido, que controla a capital Trípoli e o noroeste do país. Já o líder militar Khalifa Haftar, a partir da cidade de Bengazi, governa o leste.