VOA: Servidores temem retorno ao trabalho após ataques em Moçambique

Insurgência terrorista tomou os distritos do norte do país, onde se concentram grupos ligados ao Estado Islâmico

Este material foi veiculado originalmente no portal da emissora VOA (Voice of Africa)

Centenas de servidores em Moçambique, que vivem nos distritos alvos de ataques terroristas de Cabo Delgado, protestam perante avisos das autoridades para o “regresso imediato” aos postos de trabalho.

Eles argumentam que não há condições mínimas de segurança. A maioria de funcionários fugiu dos ataques com as suas famílias. Muitos estão deslocados em Pemba e nas províncias vizinhas de Nampula e Niassa.

Depois dos governos distritais de Muidumbe e Ilha do Ibo terem emitido avisos para a retomada dos funcionários públicos, sob pena de desvínculo do Estado, agora foi a vez de Palma e Nangade convocar os funcionários públicos, que fugiram dos ataques de insurgentes.

VOA: Servidores recusam retorno e relatam insegurança em Cabo Delgado
Deslocados da onda de violência em Cabo Delgado, Moçambique, em Pemba, novembro de 2020 (Foto: UN Mozambique/Helvisney Cardoso)

A convocatória de Palma determina marcará “faltas” e haverá implicações na “efetividade” dos servidores que não comparecerem aos postos de trabalho de Cabo Delgado.

O prazo de apresentação era até 20 de janeiro. Os funcionários, contudo, classificam a exigência como um “absurdo” por não existirem condições mínimas de segurança.

Ataques e emboscadas

Há registros de emboscadas em estradas por onde devem circular para chegar aos seus postos de trabalho. No dia 29, os insurgentes atacaram uma guarnição policial na fronteira na aldeia Mandimba (Nangade).

Há registo de quatro mortes nos quatro dias de ocupação dos extremistas no local. Conforme moradores, os insurgentes continuam a emboscar viaturas na única via que liga a sede distrital de Nangade a vila de Palma, o distrito dos megaprojetos bilionários de gás natural.

“Um grupo atacou Namioni e outro atacou Mandimba e mais dois povoados. Agora insistem para voltarmos, como vamos voltar?”, questionou um dos servidores em Moçambique.

Em janeiro, a intensificação de ataques a três aldeias próximas a um projeto de gás natural forçou a evacuação dos trabalhadores da multinacional Total, no distrito de Palma.

A vila sede de Palma, tida até então como segura devido à presença de uma força de segurança, esteve em janeiro sob ameaça de invasão dos rebeldes. Extremistas chegaram a enviar panfletos alertando sobre o ataque.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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