VOA: Sob críticas, Moçambique cria força para proteger gás natural de jihadistas

Governo desloca forças para proteger francesa Total, enquanto especialistas relatam ausência de policiamento nas cidades

Este conteúdo foi publicado originalmente na VOA (Voice of Africa)

As autoridades moçambicanas acabam de criar o Comando Operacional Especial de Afungi, em Cabo Delgado, para a proteção do projeto de exploração de gás natural liquefeito contra ataques dos insurgentes. Analistas advertem que a preocupação não deve ser apenas com os recursos; as comunidades também contam.

A criação do Teatro Operacional Especial de Afungi foi anunciada pelo Comandante-Geral da Polícia moçambicana, Bernardino Rafael, afirmando tratar-se de uma decisão do Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança e Presidente da República, Filipe Nyusi, “tendo em conta o projeto de exploração da gás natural liquefeito que temos em Palma”.

Para o analista Fernando Lima, esta decisão tem uma explicação prática, “porque a companhia Total pediu para que até ao fim de março corrente, Moçambique desse uma resposta relativamente à garantia de segurança no perímetro da concessão para a construção do complexo de produção de gás natural liquefeito”.

A Total deu, inclusivamente, algumas especificações em relação aos termos de referência da força de proteção, que deveria garantir um perímetro de 25 quilômetros à volta da concessão.

VOA: Moçambique cria força para proteger gás natural de jihadistas e ouve críticas
Refugiados dos conflitos de Cabo Delgado em campo improvisado na cidade de Metuge, Moçambique, em dezembro de 2020 (Foto: Unicef/Mauricio Bisol)

Lima enquadra o anúncio do Comandante-Geral da Polícia nessa perspectiva e também na recente nomeação do novo Chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Defesa de Moçambique e do Comandante do Exército, “que ambos têm uma grande capacidade em termos de diálogo com forças externas, militares ou civis, para discutir assuntos de natureza securitária”.

Para aquele analista, o Governo de Moçambique “tem que encontrar um equilíbrio de não só dar garantias de segurança à Total, que é um projeto de grande impacto econômico para Moçambique, mas, por outro lado, não deixar que a província de Cabo delgado seja um mar de violência à volta da concessão para a produção do gás”.

Por seu turno, o analista Raúl Domingos, diz ser necessário que as autoridades não se preocupem apenas com a proteção do projeto de gás natural liquefeito.

Defende que “tudo seja feito para que o plano para a proteção do complexo de Afungi inclua também as populações”.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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