Este conteúdo foi publicado originalmente na VOA (Voice of Africa)
As autoridades moçambicanas acabam de criar o Comando Operacional Especial de Afungi, em Cabo Delgado, para a proteção do projeto de exploração de gás natural liquefeito contra ataques dos insurgentes. Analistas advertem que a preocupação não deve ser apenas com os recursos; as comunidades também contam.
A criação do Teatro Operacional Especial de Afungi foi anunciada pelo Comandante-Geral da Polícia moçambicana, Bernardino Rafael, afirmando tratar-se de uma decisão do Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança e Presidente da República, Filipe Nyusi, “tendo em conta o projeto de exploração da gás natural liquefeito que temos em Palma”.
Para o analista Fernando Lima, esta decisão tem uma explicação prática, “porque a companhia Total pediu para que até ao fim de março corrente, Moçambique desse uma resposta relativamente à garantia de segurança no perímetro da concessão para a construção do complexo de produção de gás natural liquefeito”.
A Total deu, inclusivamente, algumas especificações em relação aos termos de referência da força de proteção, que deveria garantir um perímetro de 25 quilômetros à volta da concessão.

Lima enquadra o anúncio do Comandante-Geral da Polícia nessa perspectiva e também na recente nomeação do novo Chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Defesa de Moçambique e do Comandante do Exército, “que ambos têm uma grande capacidade em termos de diálogo com forças externas, militares ou civis, para discutir assuntos de natureza securitária”.
Para aquele analista, o Governo de Moçambique “tem que encontrar um equilíbrio de não só dar garantias de segurança à Total, que é um projeto de grande impacto econômico para Moçambique, mas, por outro lado, não deixar que a província de Cabo delgado seja um mar de violência à volta da concessão para a produção do gás”.
Por seu turno, o analista Raúl Domingos, diz ser necessário que as autoridades não se preocupem apenas com a proteção do projeto de gás natural liquefeito.
Defende que “tudo seja feito para que o plano para a proteção do complexo de Afungi inclua também as populações”.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.