Autoridades dos Estados Unidos informaram que Robert Hanssen, o ex-agente do FBI (polícia federal americana) que se transformou em espião a serviço de Moscou nos anos 1980, foi encontrado morto em sua cela em uma prisão no Estado do Colorado na segunda-feira (5). As informações são da agência Reuters.
Com 79 anos de idade, Hanssen foi sentenciado em 2002 à prisão perpétua após admitir sua culpa por atos de espionagem em favor da extinta União Soviética e posteriormente da Rússia. Ele atuou como espião para Moscou durante mais de duas décadas, tanto durante quanto após a Guerra Fria.
A Penitenciária ADX Florence relatou que Hanssen, que cumpria prisão perpétua, foi encontrado inconsciente pouco antes das 7h e declarado morto. O comunicado não especificou a causa da morte.
O caso de Hanssen é tido como o maior escândalo de espionagem de sua geração, deixando os chefes do FBI e funcionários do governo chocados ao descobrir que um agente estava repassando informações para o outro lado durante um longo período de tempo. Tanto que até hoje a agência o considera o “espião mais prejudicial da história do FBI”.
Hanssen entrou para o FBI em 1976 e passou a vender informações confidenciais para os soviéticos em 1985. Na época de sua prisão, em 2001, foi apurado que ele recebeu US$1,4 milhão em dinheiro, fundos bancários e diamantes em troca de uma vasta quantidade de material sensível direcionada a Moscou.
Entre os segredos revelados estava a existência de um túnel construído pelo governo dos Estados Unidos sob a embaixada soviética em Washington, que permitia a interceptação secreta de comunicações diplomáticas e outros tipos de informações. Além disso, ele forneceu detalhes a Moscou sobre três oficiais da KGB (agência de segurança e inteligência soviética) que estavam envolvidos em espionagem secreta em nome dos Estados Unidos, resultando na subsequente execução de dois deles.
Durante anos, os investigadores federais se empenharam em identificar o espião que atuava entre eles. Conforme o FBI relatou, nas semanas que precederam a prisão de Hanssen, aproximadamente 300 pessoas estavam envolvidas na investigação e na monitoração de suas atividades.
“A magnitude dos crimes de Hanssen não pode ser exagerada”, observou Paul McNulty, o procurador dos EUA responsável pela acusação, em resposta à notícia de sua morte. “Eles serão lembrados por muito tempo como uma das traições de confiança mais flagrantes da história dos Estados Unidos. Foi um ponto baixo e um sucesso investigativo para o FBI.”