Após cair em armadilha russa, Canadá volta atrás e concede cidadania a ativista antiguerra

Maria Kartasheva teve seu pedido de cidadania inicialmente bloqueado devido a uma condenação por divulgar 'notícias falsas' na Rússia

O Canadá reverteu sua decisão inicial e concedeu cidadania à ativista russa antiguerra Maria Kartasheva. A decisão anterior de travar seu juramento de nacionalidade ocorreu devido à acusação criminal na Rússia por disseminar “notícias falsas” sobre a guerra na Ucrânia, informou o The Moscow Times na terça-feira (9), reproduzindo informações da mídia canadense.

Maria, de 30 anos, mudou-se para Ottawa em 2019. Após a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, ela foi acusada por Moscou por um crime relacionado a dois posts publicados em seu blog, nos quais ela expressou horror sobre o massacre de civis na cidade ucraniana de Bucha, onde corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas em abril de 2022.

Maria Kartasheva segura cartaz pró-Ucrânia (Foto: X/Reprodução)

Ela foi condenada com base em uma lei russa que proíbe a disseminação pública de informações falsas sobre o uso das Forças Armadas russas, aprovada após o início do conflito. O ministro das Relações Exteriores da Rússia negou a existência de atrocidades em Bucha. Essas denúncias foram definidas pelo Kremlin como “outra farsa, uma produção encenada e provocação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como foi o caso em Mariupol com a maternidade“.

Maria foi condenada a oito anos de prisão em novembro por violar as leis de censura em tempos de guerra na Rússia. No entanto, as autoridades de imigração do Canadá impediram sua cerimônia de cidadania em junho, após serem notificadas do caso criminal no país de origem da ativista.

Isso ocorreu porque, conforme as diretrizes de imigração canadenses, se um solicitante for acusado de um crime em outro país que também é passível de acusação sob o Código Penal do Canadá, o pedido de imigração pode ser revogado ou rejeitado.

Na terça-feira, o ministro canadense da Imigração, Refugiados e Cidadania, Marc Miller, afirmou em uma publicação nas redes sociais que Maria “não será deportada e foi convidada a se tornar cidadã canadense”. A mensagem destacou que as regras de elegibilidade para a cidadania canadense visam identificar criminosos, não reprimindo ou punindo dissidências políticas legítimas.

A cerimônia de cidadania de Maria ocorreu online ainda na terça, segundo a rede CBC. A ativista expressou esperança de que todos se sintam seguros, destacando que essa situação “não se repetirá”.

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