O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou que não apoia um ataque de retaliação de Israel contra as instalações nucleares do Irã, após o lançamento de cerca de 180 mísseis iranianos contra o Estado judeu. Quando questionado por jornalistas na quarta-feira (2), enquanto visitava a Carolina do Norte para avaliar os danos causados pelo furacão, Biden foi claro ao responder: “a resposta é não”. As informações são da BBC.
As tensões entre Irã e Israel estão intensas após um ataque iraniano ocorrido na terça-feira (1°), o qual Israel afirmou ter sido amplamente neutralizado pelo seu sistema de defesa antimísseis. Os alvos parecem incluir a base aérea de Nevatim (que também foi atacada em abril) e a base aérea de Tel Nof, bem como possivelmente a sede do Mossad em Tel Aviv e outras áreas dentro e ao redor de Tel Aviv.
Ainda na quarta-feira, após conversar com líderes aliados, Biden afirmou que não apoiaria um ataque às instalações nucleares do Irã. Ele destacou que qualquer resposta israelense a Teerã deveria ser “proporcional”, posição que é compartilhada por todos os países membros do G7, incluindo Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido. Além disso, a Casa Branca anunciou que Biden e os líderes das sete principais economias discutiram a possibilidade de coordenar uma nova rodada de sanções contra o Irã.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, afirmou que o ataque iraniano representa uma escalada inédita e que Israel tem o direito de responder. Ele mencionou que ainda estão discutindo qual será essa resposta, mas a Casa Branca não indicou publicamente como acredita que Israel deve reagir.
O Irã declarou que o bombardeio a instalações militares israelenses foi uma retaliação pelos assassinatos do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do comandante da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), brigadeiro-general Abbas Nilforoushan.
A ofensiva aconteceu após Israel declarar uma ofensiva terrestre no Líbano, com o objetivo de destruir o que descreveu como a “infraestrutura terrorista” do Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã, localizado em vilas próximas à fronteira.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que Teerã “pagaria” pelo ataque, que aparentemente não resultou em vítimas graves em Israel, mas causou a morte de um palestino na Cisjordânia ocupada. Especialistas alertaram que Israel poderia usar essa situação como pretexto para atacar as instalações nucleares do Irã, um objetivo que seus líderes almejam há bastante tempo.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, declarou que o ataque era justificado, mas ressaltou que Teerã não estava em busca de uma guerra com Israel. As forças armadas iranianas alertaram que, caso Israel retaliasse, enfrentaria uma “vasta destruição”.
Casa Branca busca conter resposta de Israel
A Casa Branca está se esforçando para restringir a reação de Israel à onda de mísseis balísticos lançados pelo Irã contra o país na terça-feira. Segundo o Washington Post, algumas autoridades americanas temem que o Oriente Médio esteja se aproximando de uma guerra total, um cenário que Biden tem tentado evitar há quase um ano.
Vários altos funcionários do governo Biden, que pediram para não serem identificados devido à sensibilidade das conversas, disseram na quarta-feira que autoridades israelenses informaram que não consideram necessário retaliar imediatamente contra o Irã de forma ampla. No entanto, tanto os EUA quanto a Europa estão preocupados que Israel possa atacar alvos econômicos no Irã, o que poderia provocar uma escalada perigosa de conflitos.
Autoridades americanas estão incentivando Israel a responder de forma moderada, mas aliados na Europa temem que os EUA não estejam exercendo pressão suficiente sobre o governo de Benjamin Netanyahu. Uma fonte anônima mencionou que “os americanos não estão segurando Israel”.
Autoridades do governo Biden afirmam que, embora os líderes israelenses tenham prometido agir com cautela, essa postura pode mudar devido à influência da política interna de Israel, onde a extrema direita tem poder significativo. Elas também ressaltam que garantias privadas dos líderes israelenses nem sempre se concretizaram no último ano.
Em Israel, há um forte desejo por uma resposta militar contundente, pois muitos acreditam que Teerã está enfraquecida, já que seu aliado mais poderoso, o Hezbollah, está se recuperando dos recentes ataques israelenses que prejudicaram suas comunicações e desmantelaram sua liderança.. O ex-primeiro-ministro Naftali Bennett pediu a Netanyahu que autorizasse ataques imediatos ao programa nuclear do Irã, afirmando que é “hora de agir” para destruir suas instalações e paralisar o regime iraniano.