Californiana é condenada à prisão por apoiar plano do Irã de sequestro nos EUA

Niloufar “Nellie” Bahadorifar financiou agentes de Teerã em um plano para raptar a jornalista e ativista Masih Alinejad

Uma mulher residente no Estado da Califórnia, nos EUA, foi condenada na última sexta-feira (7) a quatro anos de prisão e mais três de liberdade supervisionada por participar do planejamento de um sequestro que visava uma ativista que denunciou os abusos dos direitos humanos no Irã, informou o Departamento de Justiça (DOJ, da sigla em inglês). Ela agiu a serviço de Teerã, em um esforço do governo para silenciar os críticos ao regime.

Niloufar “Nellie” Bahadorifar, de 48 anos, violou diretamente as sanções de Washington impostas à nação do Oriente Médio. Isso ocorreu porque ela prestou serviços que estruturaram o rapto fracassado de Masih Alinejad, uma jornalista iraniana dissidente, escritora e crítica das políticas de repressão de gênero da República Islâmica. Masih fugiu do Irã em 2009 e fixou residência na cidade de Nova York.

Ao longo do planejamento do sequestro, o Irã contratou investigadores particulares norte-americanos para rastrear e vigiar a vítima, bem como membros de sua família. Eles planejavam raptar Masih e devolvê-la ao Irã. Nellie atuou como intermediária entre quatro agentes do regime iraniano e um investigador dos EUA, detalhou o DOJ.

Masih Alinejad é uma ativista iraniana que denuncia a repressão contra as mulheres em seu país de origem (Foto: Colorado State University/Reprodução Facebook)

Nellie, uma iraniana expatriada, forneceu acesso a instituições financeiras dos EUA a residentes e entidades iranianas, disse o DOJ. Uma das pessoas que ela ajudou foi Mahmoud Khazein, seu corréu e uma das cabeças que orquestraram o plano de sequestro.

Em 2019, ela usou seu acesso ao sistema bancário dos EUA para fazer os pagamentos a um investigador particular de Manhattan, que vigiou a casa de Masih por nove meses. No mesmo ano, ela fez mais de 120 depósitos, chegando a um valor estimado em US$ 476 mil.

Em dezembro de 2022, Nellie se confessou culpada de conspirar para violar as sanções dos EUA contra o Irã, bem como por estruturação de caixa. Ela não foi acusada de ter participado da tentativa de sequestro.

“Niloufar Bahadorifar forneceu apoio financeiro a uma conspiração descarada destinada a sequestrar um ativista de direitos humanos iraniano que vive nos Estados Unidos e que o governo iraniano tentou silenciar por anos”, disse o procurador dos EUA, Damian Williams. 

Williams acrescentou que “esforços de governos estrangeiros malignos para sufocar a liberdade de expressão e protesto pacífico por meio de intimidação ou repressão não podem ser tolerados”. 

Alan Kohler Jr., diretor assistente da Divisão de Contraespionagem do FBI, a polícia federal dos EUA, disse que o caso demonstra o quão longe o governo iraniano está disposto a ir para atingir os dissidentes, indo além de suas fronteiras e violando sanções.

“O FBI continuará protegendo aqueles que são alvos e perseguindo agressivamente qualquer um que tente burlar nossas leis e usará todas as nossas autoridades para proteger o direito à liberdade de expressão”, disse Kohler.

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