CIA diz que é ‘improvável’ relação entre Síndrome de Havana e ação estrangeira

Estudo conduzido pela inteligência norte-americana concluiu que a maioria dos casos tem causas ambientais ou médicas

Um estudo coordenado pela Agência de Inteligência dos EUA (CIA) concluiu que é “improvável” a ligação da Rússia com a anomalia classificada como “Síndrome de Havana”, que atingiu centenas de diplomatas norte-americanos ao redor do mundo. A afirmação foi dada na quarta-feira (19), segundo o jornal The New York Times.

De acordo com o documento, há mais indícios de que a maioria dos mil casos reportados a Washington esteja relacionada a causas ambientais e condições médicas não diagnosticadas ou estresse, e não a uma campanha global financiada por uma potência estrangeira, afirmaram funcionários da CIA.

A Síndrome de Havana consiste em uma alteração das funções cerebrais que gera dor de cabeça, enjoo, tontura e prejuízos à audição. Os primeiros casos foram identificados em 2016, em Cuba, daí o nome da enfermidade. As vítimas relatam que os sintomas surgiram após ouvirem estranhos sons agudos e graves.

Anomalia altera funções cerebrais, causando dor de cabeça e lesões debilitantes (Foto: PxHere/Divulgação)

No entanto, o estudo ainda não descarta uma ação estrangeira em pelo menos duas dúzias de casos que permanecem sem explicação. Segundo um funcionário dos EUA ouvido pela reportagem, tais relatos obscuros podem fornecer pistas sobre se uma potência estrangeira seria responsável por alguns dos misteriosos males ​​que impactaram a saúde de diplomatas e agentes da CIA em Havana, Viena e Berlim, entre outras partes do mundo.

“Embora tenhamos alcançado algumas conclusões provisórias significativas, ainda não terminamos“, declarou William J. Burns, diretor da CIA, em um comunicado à imprensa dos EUA. E acrescentou: “Continuaremos a missão de investigar esses incidentes e fornecer acesso a cuidados de classe mundial para aqueles que precisam”.

Somente nos últimos seis anos, cerca de 200 funcionários dos EUA, a maior parte ligada à CIA, experimentaram o que Joe Biden define oficialmente como “incidentes anômalos de saúde”.

O resultado do estudo desagradou muitas das vítimas, em especial funcionários e ex-funcionários que enfrentam doenças crônicas de longa data e nunca tiveram um diagnóstico detalhado sobre seus casos. Alguns deles se reuniram para emitir um comunicado, no qual sustentam que as conclusões provisórias da CIA “não podem e não devem ser a palavra final sobre o assunto”. Para as vítimas, a divulgação das descobertas foi “uma quebra de fé”.

Por que isso importa?

Embora a Síndrome de Havana ainda esteja cercada de incertezas e os cientistas não tenham uma posição conclusiva sobre a condição, um relatório das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA aponta que algumas das lesões cerebrais observadas eram consistentes com os efeitos da energia de microondas direcionada.

William Burns, diretor da CIA (Agência Central de Inteligência, da sigla em inglês), afirmou em julho que existe “possibilidade muito forte” de que os sintomas tenham sido causados deliberadamente, citando a Rússia como responsável.

Um relatório das agências de segurança norte-americanas aponta que oficiais de inteligência e diplomatas acometidos pelo distúrbio trabalham com temas ligados à Rússia, entre eles segurança cibernética, exportação de gás e questões de interferência política.

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