Os nove corpos encontrados em um pequeno barco à deriva no norte do estado do Pará são de migrantes provenientes do Mali e da Mauritânia, na África. A Polícia Federal diz que a embarcação foi localizada na região de Bragança, um município paraense, no último sábado (13), e desde então agentes trabalhavam para identificar as vítimas.

“Documentos e objetos encontrados junto aos corpos apontam que as vítimas eram migrantes do continente africano, da região da Mauritânia e Mali, não sendo possível descartar a existência de pessoas de outras nacionalidades”, disse a PF em comunicado.

O barco onde foram encontrados os corpos tem cerca de 12 metros de comprimento e é pintado de azul e branco. De acordo com a agências Associated Press (AP), as características remetem às das pirogas pesqueiras mauritanas, frequentemente usadas por migrantes que fogem de nações africanas em busca de abrigo na Europa. Isso sugere que o Brasil talvez não fosse o destino das vítimas.

A rota atlântica que parte da África Ocidental é uma das mais perigosas do mundo, e não são raros os casos de pequenos barcos levados pela correnteza para longe do trajeto original. Assim, acabam à deriva no Oceano Atlântico por meses.

O momento é particularmente delicado para esses migrantes, com o ano de 2023 tendo registrado um recorde histórico de mortes em rotas migratórias. A Organização Internacional para Migrações (OIM) anunciou recentemente que 8.565 pessoas morreram nessas condições no ano passado, considerado o mais mortal já registado. Trata-se de aumento de 20% na comparação com 2022.

As Ilhas Canárias, na Espanha, estão entre os destinos preferenciais dos migrantes que deixam a África, tendo recebido mais de 32 mil pessoas no ano passado, igualmente um recorde. De acordo com a AP, é que possível que este fosse justamente o destino do barco pesqueiro localizado no Pará.