Cuba alega ter desmantelado uma rede russa de tráfico humano para recrutar combatentes

Havana diz que cubanos vivendo em território russo e também na própria ilha eram alvo, embora o país não esteja envolvido na guerra

O Ministério das Relações Exteriores de Cuba anunciou na segunda-feira (4) que descobriu e desarticulou uma suposta rede de tráfico humano cujo objetivo era recrutar cidadãos cubanos para engrossar as forças russas na guerra contra a Ucrânia. As informações são da agência Reuters.

No mesmo dia, o órgão governamental emitiu uma declaração que, embora careça de detalhes específicos, destacou que a organização estava operando tanto dentro do país caribenho quanto na Rússia.

Bandeira cubana do alto de Havana (Foto: Andrew Wragg/Flickr)

O comunicado afirmou que o Ministério do Interior está atualmente empenhado em “neutralizar e desmantelar essa rede de tráfico de seres humanos”, que tem como objetivo “recrutar cidadãos cubanos que residem na Rússia e até mesmo alguns que ainda estão em Cuba, com o propósito de envolvê-los nas forças militares participantes em operações de guerra na Ucrânia”. E acrescentou que o governo cubano iniciou processos criminais contra os autores do tráfico.

Bruno Rodriguez, ministro das Relações Exteriores de Cuba, declarou em uma postagem no X, antigo Twitter, que o governo estava agindo “rigorosamente de acordo com a lei” para combater as operações de tráfico.

Também pelo X, a pasta chefiada por Rodriguez enfatizou que o país “não está envolvido na guerra na Ucrânia” e afirmou sua intenção de tomar medidas contra qualquer indivíduo envolvido “em qualquer tipo de tráfico de seres humanos com o objetivo de recrutar ou envolver cidadãos cubanos como mercenários para utilizar armas contra qualquer nação.”

Até o momento, não houve uma resposta imediata por parte do governo russo.

No ano passado, Moscou anunciou um plano para aumentar suas forças armadas em mais de 30%, atingindo 1,5 milhão de combatentes. Esse objetivo ficou mais difícil de alcançar devido a baixas significativas na guerra, embora o número exato de perdas no front não tenha sido divulgado.

Em maio, um jornal russo da cidade de Ryazan noticiou que vários cidadãos cubanos haviam assinado contratos com as forças armadas russas e foram enviados para a Ucrânia em troca da cidadania russa. Não ficou claro se a declaração do Ministério das Relações Exteriores cubano está relacionada às informações vindas de Ryazan.

A Rússia, que mantém laços políticos sólidos com o governo comunista de Cuba, tem sido há muito tempo um destino significativo para os migrantes cubanos que buscam escapar da estagnação econômica em seu país.

Moscou e Havana fortaleceram recentemente seus laços, com o presidente cubano Miguel Díaz-Canel se encontrando com seu homólogo Vladimir Putin na capital russa no final do ano passado. Em junho, o ministro da Defesa cubano, Álvaro López Miera, também se reuniu com a contraparte russa, Sergei Shoigu.

Projeto de “construção”

Na sexta-feira (1º), o jornal América TeVé, de Miami, divulgou depoimentos de dois adolescentes que afirmaram terem sido enganados para trabalhar junto ao exército russo em projetos de construção na Ucrânia.

Em um vídeo postado no site do jornal, um dos adolescentes fez um apelo por ajuda urgente. O veículo informou que as imagens foram feitas de um ônibus que estava transportando a dupla da Ucrânia para Ryazan, junto com militares russos.

“Estamos tendo dificuldades para dormir porque a qualquer momento eles podem voltar e nos fazer algo”, disse outro jovem que também afirmou ter sido agredido.

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