Cubanos e africanos impulsionam recorde no trânsito de migrantes na América Central

OIM destaca os perigos que envolvem a travessia da selva de Darién, bem como a exposição dos migrantes a roubos, violência e abuso sexual

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou para o número sem precedentes de migrantes em situação de fragilidade em trânsito pela América Central e pelo México

O pedido feito aos governos dessas regiões é para que colaborem na resposta às necessidades humanitárias imediatas das pessoas em movimento.

A agência quer uma atuação em soluções a longo prazo para resolver as questões que impulsionam um número crescente de pessoas a fazer o tipo de viagem. 

Atualmente, mais migrantes cubanos e provenientes de países africanos optam pelas rotas aéreas para chegar à América Central, tendo a mata de Darién como via de acesso para o norte

Até julho, cerca de 4,1 mil africanos cruzaram a via, numa diminuição de 65% em relação ao mesmo período de 2022. Em Honduras, porém, houve uma alta de 553% em chegadas do continente africano, atingindo 19.412 pessoas que se movimentam através da sua fronteira sul.

No período, foram deportados 524 cubanos de Darién, em contraste com os 17.157 registrados em terras hondurenhas. 

Trecho da selva de Darien dentro de parque nacional no Panamá (Foto: Harvey Barrison/Flickr)
Roubos, violência e abuso sexual

Os desafios no trânsito pela América Central e pelo México incluem lesões durante a travessia da selva de Darién. As vítimas podem ser abandonadas em encostas lamacentas, arrastadas pelas bruscas inundações dos rios ou ainda sofrer roubos, violência e abuso sexual.

Para a diretora regional da OIM para a América Central, América do Norte e o Caribe, Michele Klein Solomon, a situação realça que é preciso um envolvimento coletivo imediato dos governos em países de origem, trânsito e destino. A meta é melhorar a oferta de ajuda humanitária, especialmente para mulheres e crianças.

No Panamá, as autoridades registraram um recorde de migrantes que cruzaram a perigosa selva de Darién vindos da Colômbia neste ano. Até sábado, mais de 390 mil pessoas, a maioria de Venezuela, Equador e Haiti, tinham feito o trajeto em um mês, após os 82 mil de agosto. O número mensal foi o mais alto já registado. 

Os migrantes menos favorecidos financeiramente passam fome, dormem nas ruas e são forçados a mendigar. Eles podem enfrentar problemas de saúde como diarreia e desidratação.

Campanhas de comunicação contra notícias falsas

A OIM acompanha esses movimentos, fornece dados e apoio essencial, além de apoiar operações de regresso voluntário com infraestrutura e abrigos. Campanhas de comunicação visam combater notícias falsas e alertam sobre os perigos associados à migração irregular.

As motivações para a travessia perigosa vão desde fatores econômicos e sociais, até desafios ambientais e políticos. Essas situações são agravadas por efeitos da pandemia, eventos climáticos extremos e agitação política nos países de origem. 

A agência prevê que a ocorrência do fenômeno climático El Niño possa agravar ainda mais estas condições nos países, estimulando mais pessoas a tomarem a decisão de se mudarem para o exterior.

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