Empresário procurado pelos EUA que fugiu da Itália estaria novamente na Rússia

Artem Uss, filho do governador da região russa de Krasnoyarsk, chegou a ter aprovado um pedido de extradição para os EUA

O empresário russo Artem Uss, preso em outubro de 2022 na Itália a pedido da Justiça norte-americana, diz ter conseguido retornar à Rússia após fugir das autoridades italianas. Ele fez a revelação em entrevista à agência estatal russa RIA Novosti, com informações reproduzidas pela agência Reuters.

Em março, um tribunal de apelações em Milão aprovou uma moção para extraditá-lo para os EUA, onde poderia pegar até 30 anos de prisão. Dias depois do anúncio, ele desconectou a tornozeleira eletrônica que usava durante a prisão domiciliar e foi considerado foragido. Agora, diz ter conseguido voltar para casa.

“Estou na Rússia. Durante esses dias particularmente dramáticos, pessoas fortes e confiáveis ​​estavam comigo. Gratidão a elas”, disse Uss, cujo pai é governador da região russa de Krasnoyarsk.

O empresário é acusado pelos EUA, junto com outros quatro cidadãos russos, de evasão de sanções e lavagem de dinheiro. As suspeitas que recaem sobre ele envolvem a compra ilegal de tecnologia militar, violando assim as sanções contra Moscou decorrentes da guerra na Ucrânia. Ele também é acusado de revender ilegalmente petróleo venezuelano sancionado e de lavagem de milhões de dólares.

Artem Uss fugiu da Itália e agora diz que conseguiu retornar à Rússia (Foto: Facebook/Reprodução)

Enquanto se desenrolava o processo de extradição aberto por Washington, um tribunal de Moscou chegou a emitir um mandado de prisão contra Uss, acusando-o de lavagem de dinheiro. Porém, a medida parecia destinada a impedir sua extradição para os Estados Unidos, tanto que o próprio empresário pediu para ser entregue às autoridades russas em janeiro.

À época, a defesa de Uss argumentava que Washington pretendia a extradição para então usar o russo numa troca de prisioneiros com Moscou. Ele seria trocado pelo ex-fuzileiro naval norte-americano Paul Whelan, condenado a 16 anos de prisão na Rússia por suposta espionagem Ele dizia estar no país para ir ao casamento de um amigo quando foi preso.

Quando o pedido de extradição de Uss foi aprovado na Itália, Moscou mudou o discurso e deixou claro que o mandado de prisão russo era fajuto. Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, disse à época que “as missões diplomáticas russas farão o possível para proteger os interesses de Uss, detido na Itália”.

O esquema

A Procuradoria dos EUA alegou em outubro que outro suspeito, Yury Orekhov, foi preso na Alemanha. Ele e Uss eram sócios na empresa de fachada Nord-Deutsche Industrieanlagenbau GmbH (NDA GmbH), com sede em Hamburgo. Por meio dela, foi adquirida tecnologia militar de empresas norte-americanas, como semicondutores e microprocessadores utilizados em caças, sistemas de mísseis, radares e satélites.

As compras foram entregues a empresas russas, incluindo algumas sob sanções dos EUA, como a Radioavtomatika, a Radioexport e a Abtornix. Alguns desses itens inclusive foram encontrados em veículos russos capturados durante os combates na Ucrânia.

A investigação conduzida pelos EUA também acredita que Orekhov e Uss usaram a NDA GmbH como fachada para contrabandear centenas de milhões de barris de petróleo venezuelano para Moscou e Beijing. Entre esses compradores está uma empresa russa de alumínio controlada por um oligarca sancionado, Oleg Deripaska.

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