Estudante chinês é julgado nos EUA por ameaçar uma ativista pró-democracia

Acusado foi a julgamento em Boston depois de ameaçar cortar as mãos de uma colega e denunciá-la às autoridades em Beijing

Um estudante chinês de música foi a julgamento nos Estados Unidos na segunda-feira (22) por supostamente assediar uma ativista que ergueu cartazes pró-democracia chinesa na Berklee College of Music, em Boston.

Segundo a agência Reuters, Xiaolei Wu, 25 anos, enfrenta acusações de ameaças online contra a colega de curso e ativista identificada como Zooey, incluindo ameaças de violência, como cortar suas mãos, e a intenção de denunciá-la às autoridades chinesas devido a cartazes considerados “reacionários”. O julgamento está em curso perante um júri federal na capital do estado norte-americano de Massachusetts.

Durante o julgamento, a procuradora Alathea Porter afirmou que a ativista estava temerosa tanto por sua segurança quanto pela de sua família na China. O caso surge em meio a alertas sobre crescente pressão do governo chinês para silenciar críticos no exterior.

Grupos de direitos humanos também apontam ameaças à liberdade acadêmica e ao monitoramento de estudantes chineses em campi internacionais.

Caso envolveu estudantes da Berklee College of Music, em Boston (Foto: WikiCommons)

Wu, preso desde dezembro de 2022, se declarou inocente das acusações de perseguição virtual e “transmissão interestadual de comunicação ameaçadora”, que refere-se a um crime nos Estados Unidos, especificamente sob a Lei de Comunicações, que proíbe o envio ou transmissão, por meio de comunicação eletrônica ou outros meios, de mensagens ameaçadoras para outra pessoa.

As ameaças surgiram após Zooey, que era sua colega na faculdade de música, postar uma foto no Instagram com um cartaz pró-democracia que trazia frases como “Queremos Liberdade”, “Queremos Democracia” e “Apoie o Povo Chinês”. Em resposta, Wu exigiu que ela retirasse os cartazes e afirmou ter denunciado anonimamente às autoridades chinesas por meio de um grupo no aplicativo WeChat.

Porter considerou as ações de Wu “uma ameaça séria”, argumentando que o governo chinês reprime expressões semelhantes às dos cartazes de Zooey.

O advogado de Wu, Michael Tumposky, contestou, afirmando que os comentários de seu cliente eram parte de uma discussão online entre jovens, não com a intenção de ameaçar, mas de expressar desacordo. O defensor observou que Wu veio a Boston “para estudar música, não para representar o governo chinês”, sendo apenas um jovem apaixonado por jazz que “expressou sua visão de forma equivocada” sobre o ativismo de Zooey.

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