EUA dizem que jornalista desaparecido desde 2012 na Síria está em poder do governo

Biden diz ter "certeza" que Austin Tice, que sumiu em 2012 cobrindo a guerra em Damasco, foi capturado pelo regime

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um apelo à Síria na quarta-feira (10) pela libertação do jornalista norte-americano Austin Tice, supostamente sequestrado há dez anos pelo governo local. As informações são da rede BBC.

Para o líder norte-americano, Tice, um ex-fuzileiro naval de 41 anos, foi “com certeza” detido pelo regime sírio. No próximo domingo (14), a captura dele, que ocorreu perto da capital Damasco no dia 14 de agosto de 2012, completará uma década. Ele é um dos mais longevos reféns dos EUA, e o cativeiro já dura três presidências.

O presidente sírio Bashar al-Assad não confirmou que Tice é mantido sob custódia em seu país. Outras autoridades locais de alto escalão já negaram repetidas vezes a prisão do jornalista. Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade pelo sequestro, e o paradeiro é desconhecido.

Captura de Austin Tice irá completar dez anos no fim de semana (Foto: Facebook/reprodução)

Tice foi visto pela última vez em um vídeo publicado no YouTube semanas após ser capturado, sendo conduzido com os olhos vendados por um grupo de homens armados ao longo de uma colina. Nas imagens, ele está visivelmente angustiado.

Segundo o jornal britânico Guardian, que ouviu ex-funcionários norte-americanos sobre a legitimidade do vídeo, o material parece ser “uma manobra grosseira do regime sírio para fazer parecer que Tice havia sido sequestrado por um grupo rebelde”. 

A mãe de Tice, Debra, disse em entrevista à rede CBS News nesta semana que Washington não se empenha o suficiente nas tratativas com Damasco para trazer seu filho de volta. “O governo dos Estados Unidos trabalhou muito para me convencer de que está trabalhando nisso”, disse ela. “Minha resposta é: não me diga. Mostre-me”.

Debra, acompanhada do marido, Marc Tice, esteve em reunião com Biden no começo deste ano na Casa Branca, ocasião em que o líder norte-americano ordenou os membros do conselho de segurança nacional a “se envolverem diretamente” com a Síria pela liberdade do filho do casal. 

Uma recompensa de US$ 1 milhão foi oferecida por informações que levassem ao retorno de Tice. Há rumores de que ele foi visto em um hospital em Damasco em 2016, sendo tratado por desidratação, de acordo com o jornal The New York Times.

Em 2020, ainda na era Trump, dois funcionários da Casa Branca viajaram à Síria para articular negociações pela soltura de Tice. Diante da negativa das autoridades sírias em negociar, eles voltaram sem o jornalista.

No último dia 28, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou sanções econômicas com foco na guerra civil que assola a Síria. Foram incluídos na lista de restrições um grupo sírio acusado de terrorismo e oito prisões geridas pelos serviços de inteligência do regime de Bashar Al-Assad.

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