EUA e Reino Unido alertam turistas para o risco de ataques terroristas na Suécia

Perigo está relacionado à queima de cópias do Alcorão no país escandinavo, ato que tem enfurecido a comunidade muçulmana

Os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido alertaram seus cidadãos nas últimas semanas para o risco aumentado de ataques terroristas na Suécia. O perigo está relacionado aos episódios recentes de queima de cópias do Alcorão no país escandinavo, protesto que tem se popularizado sobretudo entre a extrema direita e que enfurece a comunidade muçulmana.

Washington fez o alerta em julho, através do Departamento de Estado. “Grupos terroristas continuam planejando possíveis ataques na Suécia. Os terroristas podem atacar com pouco ou nenhum aviso, visando locais turísticos, centros de transporte, mercados/shoppings, instalações do governo local, hotéis, clubes, restaurantes, locais de culto, parques, grandes eventos esportivos e culturais, instituições educacionais, aeroportos e outros áreas públicas”, diz o comunicado endereçado a turistas norte-americanos.

Já o governo britânico lançou a advertência a seus cidadãos no domingo (13). “É muito provável que os terroristas tentem realizar ataques na Suécia”, diz o texto, que faz avaliação semelhante à dos EUA. “Os ataques podem ser indiscriminados, inclusive em locais frequentados por estrangeiros. As autoridades na Suécia interromperam com sucesso uma série de ataques planejados e fizeram várias prisões.”

Agentes de polícia em Estocolmo, na Suécia, novembro de 2014 (Foto: Patrick Buechner/Flickr)

A Suécia tornou-se um alvo de especial interesse dos terroristas islâmicos devido aos protestos que têm ocorrido no país, que costuma permitir a queima do Alcorão sob o argumento da liberdade de expressão. O ato foi idealizado pelo político dinamarquês-sueco radical Rasmus Paludan, que ateou fogo no livro sagrado do Islã do lado de fora da embaixada turca em Estocolmo em janeiro.

Desde então, seguidos episódios semelhantes de profanação das escrituras sagradas foram registrados, levando a reações duras de nações muçulmanas. Incluindo um ataque à embaixada da Suécia no Iraque, que foi incendiada no mês passado.

A Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), sediada na Arábia Saudita, instou seus 57 Estados-Membros a reduzirem laços com países que permitem o protesto, inclusive retirando embaixadores. E incentivou organizações da sociedade civil a iniciarem processos locais antes de recorrerem a órgãos judiciais internacionais.

Hassan Nasrallah, líder do grupo radical Hezbollah, criticou a declaração da OIC, classificada por ele como fraca. Ele incentivou a “juventude muçulmana” a agir por conta própria para resolver o problema, sem especificar como deveria fazê-lo.

Segurança aumentada

Diante desse cenário de tensão, ainda no final de julho, o serviço de segurança interna sueco emitiu um alerta preocupante: a situação de segurança do país piorou após os recentes episódios de queima do Alcorão e os consequentes protestos no mundo muçulmano, ambos prejudicando a reputação da nação nórdica.

Diante da crise gerada por esses atos, que afeta também a Dinamarca, Estocolmo anunciou no início de agosto um reforço nos controles de fronteira e nas verificações de identidade nos pontos de acesso ao país. Uma emenda à legislação ainda confere à polícia sueca poderes ampliados para realizar verificações de identidade e revistas em veículos e pessoas nos pontos de fronteira.

O primeiro-ministro Ulf Kristersson disse que o objetivo de tais medidas é evitar que pessoas com poucas ou inexistentes conexões com a Suécia cruzem as fronteiras para cometer crimes ou criar “ameaças à segurança nacional”.

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