EUA planejam ampliar arsenal de sistema de foguetes que virou o jogo na guerra na Ucrânia

HIMARS permitiu a Kiev resistir à ofensiva russa e até organizar uma contraofensiva que levou à retomada de milhares de quilômetros quadrados

As forças armadas dos Estados Unidos estão em busca de um fornecedor militar capaz de entregar cem unidades do Sistema de Artilharia de Foguetes de Alta Mobilidade (HIMARS, na sigla em inglês) por ano até 2028. O país julga necessário reforçar seu arsenal, reduzido após o fornecimento de armamento à Ucrânia em meio à guerra contra a Rússia. As informações são do site The Defense Post.

O contrato de cinco anos, que prevê a primeira entrega para 2024, totalizaria 500 novas unidades do HIMARS até 2028. O lançador de foguetes tem se tornado protagonista entre os armamentos das tropas ucranianas na resistência à invasão russa.

Com os 500 novos lançadores de foguetes em mãos, as forças armadas norte-americanas praticamente duplicariam o estoque desse armamento em seu arsenal. Atualmente, o exército tem 363 HIMARS, além de 47 do corpo de fuzileiros navais. Existem ainda 30 unidades em países aliados, Romênia, Singapura e Jordânia.

Capaz de atingir alvos a até 70 quilômetros de distância, o lançador de foguetes pode ser posicionado fora do alcance da artilharia russa, graças à mobilidade. Na guerra em andamento na Europa, ele passou a causar danos aos quais à Rússia não estava habituada.

Os EUA forneceram 16 unidades desse armamento à Ucrânia, que ainda recebeu de outras nações ocidentais o sistema de foguetes M270, que é semelhante.

Sistema de Artilharia de Foguetes de Alta Mobilidade (Himars, na sigla em inglês) (Foto: WikiCommons)

As armas ocidentais foram cruciais para Kiev organizar uma contraofensiva que levou à retomada de milhares de quilômetros quadrados de território até então dominado pelas tropas russas. Quase toda a região de Kharkiv voltou a ser controlada pela Ucrânia, gerando uma crise política no Kremlin com questionamentos inclusive de importantes aliados de Vladimir Putin.

Somente nos primeiros dias de contraofensiva, Kiev disse ter retomado mais de três mil quilômetros quadrados de território, que representariam mais do que as tropas russas haviam conquistado desde o início da guerra, de acordo com a rede CNN. Mais tarde, o presidente Volodymyr Zelensky falou em seis mil quilômetros quadrados reconquistados.

As alegações de Zelensky carecem de verificação independente, mas é fato que Kiev reconquistou uma vasta área em uma posição crucial para o objetivo russo de controlar totalmente a região de Donbass. Trata-se da maior derrota desde que as tropas de Putin foram expulsas de Kiev, ainda no início da guerra.

Por que isso importa?

Enquanto os EUA tentam reforçar seu arsenal, a Rússia não mais consegue esconder o impacto que o armamento ocidental fornecido à Ucrânia tem na guerra. Antes mesmo da contraofensiva, aliados de Putin já haviam manifestado preocupação com o aumento do poder de fogo de Kiev, agora capaz de atingir alvos russos bem atrás da linha de frente.

“Os sistemas de defesa aérea russos acabaram sendo ineficazes contra ataques maciços de mísseis HIMARS“, disse Igor Girkin, ex-comandante das forças separatistas no leste da Ucrânia, que se manifestou sobre a questão no aplicativo de mensagens Telegram. Segundo ele, graças à nova arma, as tropas russas sofreram “grandes perdas de homens e equipamentos”.

E a situação tende a ficar mais tensa para a Rússia, vez que Washington prometeu no início de setembro que enviaria novos pacotes de armamento a Kiev, quase US$ 3 bilhões a mais de financiamento bélico. Somente o governo norte-americano já direcionou algo na casa dos US$ 15 bilhões em ajuda militar aos ucranianos desde o início da guerra, no dia 24 de fevereiro.

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