EUA sancionam empresas da Europa que criaram programas usados para vigiar cidadãos

Um dos sistemas, o Predator, é capaz de invadir celulares e afins, sendo assim bastante útil sobretudo a governos ditatoriais

O governo dos EUA, através do Departamento do Comércio, sancionou na terça-feira (18) quatro empresas europeias acusadas de criar e gerenciar softwares que exploram falhas em sistemas operacionais digitais e assim são capazes de espionar os usuários de aparelhos como celulares, tablets e computadores.

A Intellexa S.A., da Grécia, a Cytrox Holdings Crt, da Hungria, a Intellexa Limited, da Irlanda, e a Cytrox AD, da Macedônia do Norte, usavam o sistema para “obter acesso a sistemas de informação, ameaçando a privacidade e a segurança de indivíduos e organizações em todo o mundo”, diz comunicado do Escritório de Indústria e Segurança (BIS, na sigla em inglês).

Software europeu explora falhas de segurança e extrai dados dos usuários (Foto: Malte Helmhold/Unsplash)

De acordo com a rede CNBC, um dos programas maliciosos, o Predator, aproveita falhas de segurança nos sistemas iOS e Android para invadir os aparelhos. Podem ser usados para vigiar pessoas de interesse de governos ditatoriais, como ativistas, políticos e jornalistas.

A Meta, que gerencia as redes sociais Facebook e Instagram, chegou a ser alvo do sistema espião e lançou um alerta a seus usuários em dezembro de 2021.

A agência Reuters citou ainda o caso de um jornalista grego que em 2021 alertou a promotoria de justiça do país após ter o celular invadido. Mais tarde, o chefe de inteligência da Grécia confirmou a um comitê parlamentar que de fato um profissional da imprensa chegou a ser vigiado através de um sistema espião.

Especialista em inteligência

A Intellexa, uma das empresas inseridas na Lista de Entidades sancionadas dos EUA, foi fundada por Tal Dilian, que se descreve como um “especialista em inteligência” com mais 25 anos de serviços prestados aos serviços de espionagem de Israel.

Além do Predator, a companhia também desenvolveu o Nebula, uma ferramenta de coleta e análise de dados de mídias sociais bastante usada por serviços de segurança e de inteligência para vigiar pessoas de interesse.

“A Intellexa desenvolve e integra tecnologias que capacitam as agências de aplicação da lei e agências de inteligência a coletar e analisar dados nos métodos mais avançados”, diz um texto publicado no site pessoal de Dilian.

Segundo comunicado do Departamento do Comércio, “a proliferação e o uso indevido de tais ferramentas de vigilância comercial, incluindo spyware comercial, representam riscos de segurança distintos e crescentes para os Estados Unidos, facilitam a repressão e permitem abusos dos direitos humanos.”

Com as sanções, entidades e indivíduos nos Estados Unidos ficam proibidos de fornecer tecnologia, dados ou propriedade intelectual às quatro companhias listadas.

“Continuamos focados em conter a proliferação de ferramentas digitais para repressão”, declarou Alan Estevez, subsecretário do BIS. “Considerando o impacto das ferramentas de vigilância e outras tecnologias nos direitos humanos internacionais, tenho o prazer de anunciar essas adições à nossa Lista de Entidades.”

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