Ex-presidente do Paraguai é sancionado pelos EUA e tem nome incluído em lista de corrupção

Horacio Cartes é suspeito de lavagem de dinheiro e teria ligações com grupos terroristas

O ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes foi adicionado a uma lista de corruptos do Departamento de Estado norte-americano na sexta-feira (22). O empresário da indústria fumageira, um dos homens mais ricos do país, é acusado de lavagem de dinheiro e de ligação com grupos terroristas. As informações são da agência catari Al Jazeera.

Cartes, que esteve no poder de 2013 a 2018 pelo Partido Colorado (ANR-PC), é suspeito de atrapalhar uma investigação criminal internacional junto de três filhos, Juan Pablo Cartés Montaña, Sofía Cartés Montaña e María Sol Cartés Montaña. Eles estão proibidos de entrar nos Estados Unidos, segundo comunicado do governo.

“O ex-presidente Cartes obstruiu uma grande investigação internacional sobre crimes transnacionais para proteger a si mesmo e seu associado criminoso de possíveis processos e danos políticos”, declarou em comunicado o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken.

Horacio Cartes presidiu o Paraguai de 2013 a 2018 (Foto: Casa de América/Flickr)

O secretário de Estado acrescentou que tais ações “minaram a estabilidade das instituições democráticas do Paraguai, contribuindo para a percepção pública de corrupção e impunidade dentro do gabinete do presidente paraguaio”. Cartes ainda foi apontado por Blinken como alguém envolvido com “organizações terroristas estrangeiras e outras entidades designadas pelos EUA”, sem dizer quais.

Em 2011, o WikiLeaks, vazamento de registros militares e documentos diplomáticos confidenciais, revelou que as agências americanas estavam investigando Cartes por uma suposta “empresa de lavagem de dinheiro”. O ex-presidente negou qualquer irregularidade.

“As acusações feitas durante esta campanha não têm verdade para eles e, pessoalmente, estou muito sereno”, disse Cartes durante a corrida eleitoral em 2013.

Ligações perigosas

O paraguaio também teve problemas com o Brasil, rota de contrabando de cigarros e onde ele teve em 2019 um mandado de prisão expedido por acusações de lavagem de dinheiro. Na ocasião, ele também negou a imputação e disse que se colocaria à disposição para uma investigação no Paraguai.

Segundo a agência Mercopress, uma das cargas de cigarro paraguaio de Cartes enviadas ao exterior foi associada ao avião venezuelano-iraniano Emtrasur Boeing 747-300, apreendido por autoridades argentinas no aeroporto de Ezeiza em junho. A tripulação do avião estaria fazendo o transporte de armas para o Hezbollah, um misto de partido, organização terrorista e paraestado no Líbano

Cartes é a mais recente liderança da América do Sul a enfrentar uma reprimenda de Washington por conta de suposta corrupção. Na era Trump o clima era outro, tanto que o ex-chefe da Casa Branca fez elogios ao homônimo em 2018, quando a embaixada paraguaia em Israel foi transferida de Tel Aviv para Jerusalém – o que foi revertido pelo seu sucessor Mario Abdo Benitez meses depois.

O político anunciou recentemente sua candidatura à liderança do ANR-PC, sigla de direita que se consolidou no poder desde a década de 1940, com as primárias marcadas para dezembro. O Paraguai terá eleições presidenciais em 2023, mas a Constituição do país limita os presidentes a um mandato.

O ex-chefe de Estado sempre negou as acusações e insiste que se trata de “violência política”.

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