Um novo relatório divulgado na terça-feira (30) revelou que ativistas pró-democracia e direitos humanos que protestaram contra o presidente chinês Xi Jinping em São Francisco, EUA, no ano passado foram assediados e, em alguns casos, agredidos por apoiadores do Partido Comunista Chinês (PCC). As informações são da rede Radio Free Europe.
O relatório, chamado Exporting Repression, foi organizado pela ONG de direitos humanos Hong Kong Democracy Council e pela Students for a Free Tibet. Segundo o documento, a violência foi organizada pelo programa de influência estrangeira “United Front“, um departamento e estratégia política usada pelo governo chinês para influenciar e mobilizar grupos e indivíduos fora do partido para apoiar suas políticas e objetivos.
“As ações criaram uma atmosfera de intimidação que não apenas desestimulou os protestos durante a visita de Xi, mas também prejudicou o direito à liberdade de expressão dos manifestantes, com a polícia mostrando falta de conscientização”, diz o relatório.
O relatório documenta 34 casos de assédio e ataques violentos contra manifestantes anti-Xi e pede que as autoridades dos EUA investiguem se alguns agressores são “agentes estrangeiros não registrados” de Beijing. Os ataques foram direcionados principalmente a uigures, tibetanos e cidadãos de Hong Kong durante a visita de Xi a São Francisco para a Cúpula Econômica Ásia-Pacífico (APEC) e reuniões com o presidente Joe Biden.
O documento detalha que manifestantes anti-Xi foram alvo de ameaças, ataques físicos, roubos de celulares e perseguições. Repórteres testemunharam ataques com mastros de bandeiras chinesas e notaram que a polícia de São Francisco às vezes interveio para conter a violência, mas em outras ocasiões foi passiva.
O relatório não acusa diretamente a Embaixada Chinesa nos Estados Unidos pela violência, mas afirma que os diplomatas de Beijing na América “têm um papel crucial no apoio a grupos de frente unida no exterior, frequentemente oferecendo orientação e direção em momentos críticos”.
Embora os organizadores do United Front, que supostamente reprimem os protestos anti-Xi, mantenham uma “fachada de autonomia” em relação a Beijing, o relatório afirma que eles são “orientados” pelo PCC e agem principalmente para proteger seus próprios interesses.