No México, dois ex-presidentes podem ser julgados em escândalo da Odebrecht

Enrique Peña Nieto e Felipe Calderón foram delatados pelo antigo chefe da petroleira estatal Pemex, Emílio Lozoya

Os ex-presidentes mexicanos Enrique Peña Nieto (2012-2018) e Felipe Calderón (2006-2012) podem ser julgados por corrupção no processo que investiga práticas corruptas da empreiteira brasileira Odebrecht, informou a Reuters na última quarta (12).

Eles foram delatados pelo ex-chefe da petroleira Pemex, Emílio Lozoya. O antigo presidente da empresa, equivalente à Petrobras no Brasil, foi extraditado da Espanha para o México em julho.

Na delação, Lozoya denunciou Peña e seu ex-chanceler, Luis Videgaray. A dupla teria ordenado o pagamento de propina a seis parlamentares para que aprovassem reformas votadas entre 2013 e 2014.

Cerca de 120 milhões de pesos (R$ 29,8 milhões) estariam envolvidos nas transações do esquema de corrupção.

Sobre Calderón, Lozoya delatou irregularidades na construção da planta petroquímica Etileno XXI, no estado de Veracruz, leste do país. O contrato assinado com a Odebrecht em 2012 envolvia mais de US$ 2,7 bilhões.

Ex-presidentes Peña e Calderón podem ser julgados por corrupção na Odebrecht
O ex-presidente, Enrique Peña, em visita à refinaria de Tula, México. Novembro de 2017 (Foto: Flickr/Presidencia de la Republica del Mexico)

Além disso, a procuradoria já reconheceu cerca de 100 milhões de pesos (R$ 24,6 milhões) obtidos da empreiteira para apoiar a campanha presidencial de Peña Nieto em 2012.

O atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, afirmou que, se forem processados, o ideal é que uma consulta cidadã defina se há concordância geral sobre o julgamento de Peña Nieto e Calderón.

À Reuters, Calderón afirmou que López Obrador pare de usar a acusação como um “aparato de perseguição política”, referindo-se às recentes declarações do político. Peña Nieto não se pronunciou.

Essa é a primeira denúncia do gênero a um ex-presidente do México. Até então, o país era, junto da Venezuela, o único a não ter um chefe de Estado envolvido em escândalo de corrupção da empreiteira brasileira.

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