Novo míssil da Coreia do Norte tem alcance inédito e coloca o Ocidente em alerta

Com o Hwasong-18, testado com sucesso pela segunda vez, Pyongyang tem possibilidade real de atingir os EUA e a Europa

O teste do míssil balístico intercontinental de combustível sólido Hwasong-18, realizado pela Coreia do Norte nesta semana, é motivo de real preocupação entre as nações ocidentais. O projétil fez um voo mais longo que qualquer outro armamento do tipo testado por Pyongyang, aumentando consideravelmente as chances de o país eventualmente atingir um alvo inimigo. As informações são da rede Bloomberg.

Imagens do teste foram divulgadas pela emissora estatal NK News, que publicou um vídeo no Twitter. “Ele voou em um ângulo elevado, atingindo 6.648,4 km de altitude e 1.001,2 km de distância em 74 minutos, a maior duração de voo ICBM (míssil balístico intercontinental, da sigla em inglês) da RPDC (República Democrática Popular da Coreia)”, diz o post.

George William Herbert, professor adjunto do Instituto de Estudos Internacionais de Middlebury, alerta para a possibilidade de o míssil carregar várias ogivas, inclusive nucleares. Isso amplia a possibilidade de ao menos uma das bombas ultrapassar as defesas inimigas e atingir seu alvo.

Ainda de acordo com o especialista, também pesa o fato de ter sido o segundo teste realizado com sucesso. “Mostra que é um projeto geralmente bem-sucedido, não apenas um teste de sorte pontual”, analisou.

Embora os testes de mísseis pela Coreia do Norte tenham se tornado corriqueiros, sempre atraindo a atenção de nações ocidentais, o sucesso de Pyongyang com o Hwasong-18 é motivo de preocupação redobrada. “Essa coisa, se pode chegar aos EUA, pode chegar à Europa também”, disse o general Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto das forças armadas dos EUA.

Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte (Foto: Divulgação/kcnawatch.org)

O último teste a gerar real temor no Ocidente havia ocorrido em 2017, com o antecessor do Hwasong-18. Porém, era um míssil capaz de carregar apenas uma ogiva e impulsionado por combustível líquido. Os de combustível sólido têm os propulsores no próprio foguete, permitindo que sejam escondidos de satélites espiões. Assim, é praticamente impossível destrui-los antes do lançamento.

Paralelamente aos frequentes testes de mísseis, Pyongyang tem trabalhado na miniaturização de suas ogivas nucleares para usá-las em uma variedade maior de armas. Neste ano, o país já apresentou uma ogiva com diâmetro de 460 mm, uma redução considerável em relação às de 600 mm conhecidas até então.

A situação é ainda mais delicada para o Ocidente porque China e Rússia, que têm poder de veto no Conselho de Segurança na ONU (Organização das Nações Unidas), passaram a impedir novas sanções a Pyongyang por seus testes com mísseis balísticos intercontinentais.

“Houve poucas consequências, se é que houve alguma, nos testes de mísseis. Portanto, a questão é: quão severas serão as consequências para Kim se ele realizar um sétimo teste nuclear?”, questionou Soo Kim, ex-analista da CIA (Agência Central de Inteligência) para as Coreias, que agora trabalha em uma empresa de consultoria norte-americana.

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