Os venezuelanos saíram às ruas após Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciar na madrugada de segunda-feira (29) a vitória do presidente Nicolás Maduro em uma eleição que a oposição alega ter sido fraudulenta. Protestos se alastraram por todo o país e a polícia usou gás lacrimogêneo na capital, Caracas. As informações são da agência Reuters.
As manifestações começaram depois que a autoridade eleitoral, acusada por críticos de ser controlada pelo governo autoritário, ter declarado que Maduro havia conquistado um terceiro mandato com 51% dos votos, estendendo o governo chavista por mais um quarto de século.
Muitos venezuelanos realizaram “cacerolazos”, batendo panelas e frigideiras em protesto. Mas houve demonstrações mais vigorosas de descontentamento com o resultado das urnas. Particularmente depois que a oposição afirmou que, com 73% dos votos apurados, seu candidato Edmundo Gonzalez venceu com mais do que o dobro dos votos de Maduro.

Protestos aconteceram em todo o país, incluindo a derrubada de uma estátua do antecessor de Maduro, Hugo Chávez, no estado de Falcón. Em Petare, uma das áreas mais pobres de Caracas, manifestantes gritavam contra o presidente, e alguns jovens mascarados arrancavam seus cartazes de campanha dos postes de luz. Alguns opositores bloquearam estradas, atearam fogo e lançaram coquetéis molotov na polícia, incluindo nas proximidades do palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.
O Observatório Venezuelano de Conflitos relatou 187 protestos em 20 estados até as 18h de segunda-feira, com muitos casos de repressão e violência por grupos paramilitares e forças de segurança.
Em um discurso televisionado de Caracas na segunda-feira, Maduro, de 61 anos, alegou, sem apresentar provas, que “está ocorrendo uma tentativa de golpe de Estado na Venezuela”. Ele ainda afirmou que suas forças estavam mantendo a ordem e que as forças armadas continuavam a apoiá-lo. Também mencionou que estava monitorando “a violência da extrema direita” e comparou a situação a eventos passados.
Pelo menos duas pessoas foram mortas durante a contagem de votos ou os protestos, uma em Táchira e outra em Maracay.
Vários países manifestaram dúvidas sobre a transparência da eleição presidencial na Venezuela, enquanto apenas alguns aliados, entre eles China e Rússia, ofereceram apoio incondicional a Maduro após o anúncio dos resultados na madrugada desta segunda.
Nos últimos 10 anos, 7,8 milhões de pessoas deixaram a Venezuela devido à crise econômica e política sob o governo de Maduro. Pesquisas pré-eleitorais indicam que esse êxodo pode aumentar, com uma delas sugerindo que um terço da população poderia emigrar.
Beijing parabeniza Maduro
A China, que mantém uma estreita relação com a Venezuela, parabenizou Nicolás Maduro por sua reeleição e afirmou estar “disposta a fortalecer a parceria estratégica” com o país latino-americano, segundo o South China Morning Post.
“A China parabeniza a Venezuela pela eleição presidencial tranquila e parabeniza o presidente Nicolas Maduro por sua reeleição bem-sucedida. China e Venezuela são bons amigos e parceiros que se apoiam”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, na segunda-feira.
Rússia, Cuba, Irã e Nicarágua também felicitaram Maduro pela sua vitória.