Este conteúdo foi publicado originalmente pela agência ONU News, da Organização das Nações Unidas
As taxas de insegurança alimentar subiram 400% em El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua desde 2018.
Em pouco mais de dois anos, o total de afetados disparou de 2,2 milhões para os atuais 8 milhões, segundo o Programa Mundial de Alimentos, PMA.
Nesta terça-feira, a agência informou que as quatro nações centro-americanas vivem crises econômicas provocadas pela Covid-19 e eventos climáticos extremos.
Emergência
Cerca de 1,7 milhão de pessoas estão na categoria de “emergência” de insegurança alimentar que requer assistência urgente.
A agência da ONU pede maior apoio internacional para a situação causada por anos de seca e clima irregular que afetaram a produção de alimentos. Os doadores precisam destinar mais de US$ 47 milhões para ajudar 2,6 milhões de pessoas nos quatro países durante os próximos seis meses.
Uma das causas do agravamento da crise foi a temporada recorde de furacões no Atlântico, no ano passado. Em novembro, o Eta e o Iota, afetaram cerca de 6,8 milhões de pessoas que, na maioria, perderam suas casas e meios de subsistência.
Esses desastres ocorreram num momento em que os efeitos da pandemia já eram arrasadores. Muitos afetados são ex-trabalhadores do turismo e de outros serviços.
Fazendas
Os desastres naturais destruíram mais de 200 mil hectares de safras essenciais nos quatro países. Outros 10 mil hectares de fazendas de café foram arrasados em Honduras e na Nicarágua.
O chefe do PMA para a América Latina e Caribe, Miguel Barreto, disse que a recuperação deve ser “longa e lenta”
Pouco antes dos furacões, a região era marcada por perdas de postos de trabalho causadas pela Covid-19 afetando famílias em Honduras, na Guatemala e em El Salvador.
Pesquisas do PMA revelam um aumento de quase o dobro no número de famílias na Guatemala que não têm o suficiente para comer, em comparação aos níveis anteriores à pandemia.
Alimentos
Barreto realçou que as comunidades urbanas e rurais da América Central “chegaram ao fundo do poço”. Para ele, a crise econômica causada pela pandemia deixou os alimentos muito caros e fora de acesso dos mais fragilizados pelos furacões Eta e Iota.
No cenário atual, muitos “não têm onde morar e estão em abrigos temporários, sobrevivendo com quase nada.” Casas e fazendas destruídas, estoques de alimentos se esgotando e há poucas oportunidades de trabalho.
A situação foi mencionada por quase 15% dos entrevistados pelo PMA em pesquisa realizada em janeiro. Estas pessoas dizem estar pensando deixar seus países de origem.
Agora, a migração é mencionada por quase o dobro do total do que responderam a mesma questão em avaliação do PMA realizada após a seca ocorrida em 2018. Nessa altura, somente 8% das pessoas consideravam essa decisão.