A apresentação do novo relatório da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) e da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), na tarde dessa quinta-feira (30), trouxe uma mensagem clara aos governos da região: não se pode falar em reabertura econômica enquanto não houver controle da pandemia.
De acordo com a diretora da Opas, Carissa Etienne, a situação está longe de ser otimista nas Américas Central e do Sul. “Podemos dizer que esta é uma década perdida. Quando 2020 acabar, o nível do PIB per capita vai retroceder 10 anos e os níveis de pobreza, 14 anos”, ressaltou.
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Segundo Etienne, a pandemia jogou a América Latina e o Caribe na pior crise do século. A retração prevista do PIB (Produto Interno Bruto) de 2020 é de 9,1% ante 2019. A pobreza já alcança 231 milhões de pessoas – das quais 98 milhões encontram-se em situação extrema.
“A taxa de ocupação chegará a 13,5%. Ou seja, 44 milhões de desempregados e 2,7 milhões de vagas formais fechadas. A estimativa é que a exportação caia 23% neste ano”, completou.
O risco de uma crise alimentar e aumento da vulnerabilidade do já frágil sistema de saúde também preocupam. Os pequenos Estados do Caribe, além do Haiti e da Venezuela, são os mais vulneráveis.
Tentativa de redução de danos
Para contenção de danos, vem sendo aventada a renda básica de emergência por seis meses a toda população na pobreza. Seria oferecido um acréscimo àqueles enquadrados em extrema pobreza.
Outra solução é a ampliação de prazos em cobranças e créditos para micro e pequenas empresas, em especial produtoras de alimentos. O financiamento em condições favoráveis para países de renda média também está entre as sugestões das organizações.
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Crise que se acentua
Os dados apresentados pelo relatório mostram uma tendência de 140 mil novos casos diários de Covid-19 durante a última semana. Enquanto isso, a disponibilidade de profissionais da saúde e leitos hospitalares é a metade da encontrada em países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
De acordo com o documento, oito em cada dez latino-americanos vivem com renda abaixo de US$ 500 mensais. Os gastos públicos em saúde representam cerca de 2,3% do PIB de cada país. A recomendação da OPAS é que pelo menos 6% seja destinado para este fim.
A publicação também chama atenção para as populações mais vulneráveis, como idosos, mulheres, indígenas, afrodescendentes, pessoas com deficiências e imigrantes.