Russo acusado de lavar dinheiro de ciberataques é extraditado para os EUA

Denis Dubnikov é acusado de trabalhar para um grupo de hackers que atacou hospitais dos EUA, sequestrando dados em busca de resgate

Um cidadão russo enfrentará um tribunal norte-americano por supostamente ter lavado criptomoedas vinculadas a um grupo cibercriminoso especializado no ataque ransomware do tipo Ryuk, um software malicioso usado para sequestro cibernético de dados. Denis Dubnikov, que foi detido na Holanda, foi extraditado na quarta-feira (17) para os EUA, de acordo com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ, da sigla em iglês). As informações são da rede Radio Free Europe.

No mesmo dia, Dubnikov, que pode pegar até 20 anos de prisão por suposta lavagem de dinheiro, fez sua primeira aparição no tribunal federal em Portland. Um julgamento com júri, previsto para demorar cinco dias, está programado para começar em 4 de outubro.

Segundo as autoridades, os cibercriminosos, que usavam o Ryuk para extorquir dinheiro de organizações, confiaram no acusado para lavar a criptomoeda recebida das vítimas.

Dubnikov pode pegar até 20 anos de prisão (Foto: Twitter/Reprodução)

Dubnikov teria lavado US$ 400 mil em pagamentos de resgate. O grupo para o qual atuou já teria extraído US$ 70 milhões de indivíduos e empresas em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, relatou o DoJ.

Em outubro de 2020, o FBI e outras agências dos EUA alertaram que o Ryuk tem como alvo principal instituições de saúde, como hospitais, que correm contra o tempo e onde atrasos podem resultar em mortes. 

Segundo a empresa multinacional de cibersegurança Trend Micro, o Ryuk tem sido atribuído ao grupo de agentes maliciosos Wizard Spider, sediado no Curdistão e na Rússia. A organização cibercriminosa tem atacado também setores governamentais, acadêmicos, tecnológicos e de manufatura.

De acordo com o DoJ, o Ryuk, identificado pela primeira vez em 2018, é um tipo de ransomware que, quando executado em um computador ou rede, criptografa arquivos e tenta excluir quaisquer backups do sistema. Desde então, ele tem feito milhares de vítimas em todo o mundo. 

Troca de prisioneiros

A extradição de Dubnikov ocorre em um momento em que Moscou e Washington negociam uma troca de prisioneiros.

O governo Biden declarou em julho que estava disposto a articular a soltura de alguns americanos presos na Rússia. Entre eles a jogadora de basquete feminino Brittney Griner, condenada em um tribunal russo a nove anos de prisão após ser pega em fevereiro deste ano com um cigarro eletrônico contendo óleo de cannabis, ilegal no país.

Outro é o ex-fuzileiro naval Paul Whelan, condenado em 2020 a 16 anos por espionagem. Ele afirma que é inocente e que sua prisão foi armada., e que estava em Moscou em 2018 para comparecer ao casamento de um amigo. Os EUA afirmam que o tratamento ao ex-fuzileiro na prisão foi “terrível”.

Em troca, Washington se ofereceu para libertar o traficante de armas Viktor Bout. O russo teria conspirado para vender equipamentos a rebeldes colombianos.

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