Sem auxílio, classe média baixa sofre mais com crise da Covid-19 na América Latina

Entre as maiores economias da região, 2020 deve terminar com cerca de 21 milhões de "novos pobres"

O retrocesso econômico causado pela crise da Covid-19 na América Latina deve gerar o maior impacto sobre a classe média baixa, que perdeu renda e não se qualificou para receber auxílios dos governos.

A conclusão é da pesquisadora argentina Nora Lustig, segundo a revista britânica “The Economist” na edição do último sábado (10).

Em pesquisa na Universidade de Tulane, em Nova Orleans (EUA), Lustig buscou descobrir quais grupos perderam mais renda no Brasil, no México, na Colômbia e na Argentina.

Os países representam dois terços da população da região e devem encerrar 2020 com 21 milhões de “novos pobres”.

Classe média baixa será a mais afetada por restrições à Covid-19 na América Latina
Refugiados venezuelanos vendem produtos informalmente nas ruas da capital da Colômbia, Bogotá, em novembro de 2019 (Foto: Creative Commons/Reg Natarajan)

“Embora mulheres, negros e indígenas tenham maior probabilidade de perder renda, eles recebem mais ajuda do governo”, concluiu a pesquisa.

Panorama individual

A tendência é que o México demore mais para se recuperar em comparação ao Brasil. De acordo com Lustig, a escalada da pobreza no país foi contida pelo auxílio emergencial, que chegou a pelo menos 53 milhões de pessoas por cinco meses.

O governo mexicano, por outro lado, não adotou nenhuma medida até o momento. “A pobreza pode até diminuir ligeiramente no Brasil, enquanto no México haverá pelo menos 10 milhões de novos pobres”, listou a pesquisadora.

Outro fator é o desemprego. Com o fechamento de empresas e o aumento da taxa de desocupação em nove países, a receita salarial caiu 19,3%, estimou a (OIT) Organização Internacional do Trabalho. Na média global, a redução foi de 10,7%.

De acordo com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), quando o PIB (Produto Interno Bruto) se contraiu até 5%, em recessões anteriores, o desemprego levou uma média de nove anos para retomar o nível anterior. A América Latina já registra uma contração de 9,1% no índice.

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