Senador recomenda mais atenção dos EUA à influência da China na América Latina

Marco Rubio diz que sucessivos governos não contiveram Beijing, hoje o maior parceiro comercial de várias nações latino-americanas

O senador republicano pela Flórida Marco Rubio recomendou ao governo Biden que mantenha os olhos abertos para a crescente influência da China na América Latina e no Caribe. O político ainda lembrou que a Rússia, embora imersa em um conflito com a Ucrânia, também estaria estendendo seus tentáculos para Cuba e Venezuela e merece a mesma atenção. As informações são do jornal Miami Herald.

Rubio, na condição de membro de alto escalão do subcomitê de relações exteriores para a América Latina, participa nesta quinta-feira (31) de uma audiência com autoridades e especialistas dos EUA para discutir os acordos e a diplomacia da China na região.

O senador republicano pela Flórida, Marco Rubio (Foto: Gage Skidmore/Flickr)

Durante conversa com jornalistas, o senador manifestou preocupação de que funcionários e recursos do governo norte-americano, às voltas com o conflito no Leste Europeu, se distraiam enquanto Beijing avança em território latino-americano, região que, no período da Guerra Fria, esteve alinhada com os EUA de tal maneira que era tida por muitos como “quintal de Washington”.

“A Rússia é um problema agudo e é um desafio atual. Mas é um problema de cinco ou dez anos. A China é um problema de cem anos, tanto na região quanto internacionalmente”, disse Rubio em coletiva de imprensa.

Logo após as forças de Vladimir Putin terem invadido o país vizinho, altos funcionários do Kremlin deixaram o aviso de que a Rússia poderia enviar tropas ou recursos militares para Cuba e Venezuela se os EUA e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) insistissem em se aproximar de suas fronteiras.

Rubio classificou tais ameaças como “fanfarronices”, com o objetivo de ganhar influência sobre os EUA. Paralelo a isso, para o político, o discurso também teria servido para inflamar os cidadãos russos comuns, em especial aqueles que são simpáticos à narrativa de grande potência exaltada por Putin.

O senador insiste que a real ameaça estratégica vem da Ásia. Rubio destaca que a influência da China não conseguiu ser contida por sucessivos governos do EUA, e o país viu Beijing se transformar no maior parceiro comercial de várias nações latino-americanas. “[A China] financia grandes projetos de infraestrutura e, durante a pandemia, foi rápida em enviar carregamentos de suprimentos médicos e vacinas necessárias”, observa.

Rubio disse que o governo Trump procurou alertar lideranças de países na América do Sul quanto aos riscos no setor de cibersegurança, mediante à vulnerabilidade à ação de grupos hackers e à ameaça representada pelos acordos com a Huawei para a instalação de redes de telecomunicações. Ele observa que tais avisos não foram suficientes para deter os governos sem o fornecimento de dinheiro em contrapartida. 

Há uma desconfiança global que recai sobre a Huawei, baseada em teorias sobre sua proximidade com o governo chinês.  Diante disso, a empresa tem enfrentado crescente desconfiança na construção de redes 5G em todo o mundo, com a implantação rejeitada em vários países.

“É difícil competir”, admitiu Rubio, que é frequentemente consultado sobre a política dos EUA por líderes conservadores da região. “É o que eles podem pagar, francamente, e então eles (funcionários chineses) financiam para você. Então você tem uma necessidade legítima e há apenas uma empresa no mundo que parece se encaixar na conta em termos de custo-benefício.”

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