Testes de OpenRAN serão realizados no Brasil com arquitetura ‘All Gs’

Experimento permite acesso ao ecossistema "All Gs", primeira arquitetura de rede a interligar padrões de conectividade móvel

A Parallel Wireless, empresa dos EUA do segmento de OpenRAN, movimento que busca democratizar o acesso à internet na telefonia móvel, está realizando testes de campo no Brasil com banda larga 4G e 5G de ponta. As experimentações ocorrem em parceria com o Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações), TIP (Telecom Infra Project), Brisanet, Claro, TIM e Vivo, segundo informou o portal TelecomTV.

O programa, batizado pela Parallel Wireless de “Campo Aberto”, fornecerá uma rede de RAN aberta que permitirá acesso ao ecossistema “All Gs“, a primeira arquitetura de rede do mundo que une todos os padrões de conectividade móvel (2G, 3G, 4G e 5G) utilizando a Banda 7, conforme relatado pelo Inatel em seu site.

Segundo a empresa, o teste de campo de rede de ponta permitirá o desenvolvimento e implementação de novos serviços e aplicativos tanto para consumidores quanto empresas.

Expectativa é que novas tecnologias de RAN abertas tragam maior flexibilidade e eficiência de custos para infraestrutura de telecomunicações (Foto: Unsplash/Divulgação)

“Estamos empolgados em fazer uma parceria com o Inatel e a TIP para mostrar nossas soluções de OpenRAN nativas em nuvem, compatíveis com O-RAN, que permitem conectividade de banda larga 4G e 5G, fornecendo aplicativos para os cidadãos do Brasil e outros países da América Latina“, disse Russell Ribeiro, vice-presidente para a América Latina da Parallel Wireless.

Segundo ele, os testes de campo foram iniciados com o programa “Campo Aberto” em 4G, mas a meta é evoluir para 5G ainda em 2022. “Acreditamos que este programa é um showroom muito bom para que as telecoms de toda a América Latina venham e vejam nossa plataforma em operação em um ambiente de campo real”, acrescentou.

As operadoras de rede móvel (MNOs) de todo o continente foram convidadas a visitar as soluções OpenRAN da Parallel Wireless em ação no Inatel no Brasil até junho de 2022.

“Estou entusiasmado em participar deste teste de campo com Parallel Wireless e a TIP, onde mostraremos como a tecnologia OpenRAN permite produtos de telecomunicações sem fio robustos com melhor qualidade de software, menos manutenção, mais rápido adoção de novas tecnologias e melhores experiências de usuário”, disse Gleyson dos Santos, especialista em Desenvolvimento de Negócios do Inatel.

Por que isso importa?

Imagine uma internet que utilize tecnologias abertas capazes de se conectar e interagir entre si, independentemente do provedor de acesso. Esse é o princípio do OpenRAN, um movimento que busca democratizar o acesso ao mundo digital e representaria, por meio de um intercâmbio operacional de equipamentos – como torres e antenas de transmissão compartilhadas – uma libertação em relação aos gigantes estrangeiros do setor.

Uma das vantagens dos sistema aberto é financeira. À medida que o leque de alternativas cresce e a competição da corrida tecnológica fica mais acirrada, menos as empresas tendem a gastar com o serviço

Embora ainda engatinhe no Brasil, o OpenRAN é um mercado novo e em plena ascensão no mundo. “A arquitetura OpenRan ainda não está madura para utilização em larga escala”, diz a Anatel  (Agência Nacional de Telecomunicações). Os players estimam períodos diferentes para a maturação, em geral de dois a cinco anos”, acrescenta a agência.

A Anatel também prevê vantagens financeiras. Em relatório inicial sobre os estudos, a entidade projeta que as operadoras podem economizar até 30% em cinco anos, prazo máximo para que a tecnologia aberta esteja em pleno funcionamento, conforme previsão da agência.

Segundo Ericson M. Scorsim, advogado doutor em Direito pela USP (Universidade de São Paulo), consultor em Direito Regulatório das Comunicações e autor do livro ‘Jogo geopolítico das comunicações 5G: Estados Unidos e China: impacto no Brasil’, o movimento ajudaria a descentralizar a internet.

“O modelo depende da autorregulação do mercado, não propriamente da posição de uma única empresa”, explica. E acrescenta que intervenções normativas por parte de governos e agências regulatórias podem impulsionar o movimento, surgido em 2017 justamente para democratizar partes das redes de telecomunicações, de modo que elas não operem somente através de gigantes da indústria.

É nos Estados Unidos que o movimento mais cresce, com incentivos regulatórios para a adesão à arquitetura das redes de acesso via rádio. Esse tipo de fomento pode ser o caminho para o surgimento de novas concorrências e consequente redução da influência dos gigantes no setor.

Tags: