Tribunal russo nega apelação de jornalista dos EUA preso na Rússia

Sob acusação de espionagem, repórter do Wall Street Journal compareceu a um tribunal de Moscou nesta terça para apelar das acusações

A Justiça russa negou a apelação contra a prisão preventiva do jornalista norte-americano Evan Gershkovich, detido na país desde o final do mês passado por suspeita de espionagem. Ele compareceu a um tribunal em Moscou nesta terça-feira (18). As informações são da rede BBC.

Gershkovich, de 31 anos, foi preso em março na cidade russa de Ecaterimburgo sob a acusação de “espionagem no interesse do governo americano”, segundo o FSB (Serviço Federal de Segurança) russo. O jornalista passou seis anos cobrindo a Rússia para Wall Street Journal (WSJ), a Agence France-Presse (AFP) e a edição em inglês do jornal independente The Moscow Times.

Evan Gershkovich foi detido pelo FSB no final de março (Foto: Facebook/reprodução)

A audiência ocorreu a portas fechadas, como normalmente ocorre em casos relacionados a acusações de espionagem na Rússia. É raro que os réus ganhem recursos ou sejam absolvidos nesse tipo de processo no país, onde as leis de espionagem vêm sendo cada vez mais aplicadas para fins políticos.

O tribunal rejeitou uma oferta da defesa do jornalista de libertá-lo sob fiança de 50 milhões de rublos (R$ 3,06 milhões) ou colocá-lo em prisão domiciliar. Gershkovich ficará em uma antiga prisão da KGB até pelo menos 29 de maio.

O caso Gershkovich agravou as relações entre Washington e Moscou. O presidente Joe Biden pediu a libertação imediata do jornalista e afirmou que ele está “detido injustamente”, o que significa que a Casa Branca o vê como preso político mantido sob acusações forjadas. Se condenado, Gershkovich pode pegar até 20 anos de prisão.

Moscou alega que ele tentava obter informações confidenciais de Defesa para Washington, acusações que Gershkovich rechaça. Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o jornalista trabalhava na cobertura das atividades da organização mercenária russa Wagner Group na cidade de Ecaterimburgo, distante cerca 1,6 mil quilômetros de Moscou.

Em comunicado, o WSJ disse que a prisão de Gershkovich viola o direito à informação.

“Ele é um jornalista distinto, e sua prisão é um ataque à liberdade de imprensa e deve provocar indignação em todas as pessoas e governos livres em todo o mundo”, disse um comunicado conjunto assinado por Emma Tucker, editora-chefe do WSJ, e Almar Latour, editor do WSJ e Dow Jones.

Na segunda-feira, mais de 40 países assinaram uma declaração conjunta na ONU (Organização das Nações Unidas) pedindo a libertação de Gershkovich. O documento também condena Moscou por “intimidar a mídia”.

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