O BRICS recebeu o pedido de adesão da Turquia, que tende, assim, a se tornar o primeiro país-membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a aderir também ao bloco econômico encabeçado por China e Rússia, que conta ainda com Brasil, África do Sul e Índia. As informações são da rede Bloomberg.
Pessoas ouvidas pela reportagem afirmam que a formalização do pedido turco é um sinal de que o país compartilha da posição defendida por Moscou e Beijing, de que o “centro de gravidade geopolítico está se afastando das economias desenvolvidas”.
A intenção de Ancara de aderir ao BRICS já havia sido manifestada pelo ministro das Relações Exteriores turco Hakan Fidan em junho, durante evento do think tank Centro para a China e Globalização (CCG). “Certamente gostaríamos de nos tornar membros do BRICS. Vamos ver como será este ano”, disse ele na ocasião.
No último final de semana, o presidente Recep Tayyip Erdogan reforçou o argumento, indicando que a adesão ao bloco não é um distanciamento em relação a seus tradicionais aliados da Otan. “A Turquia pode se tornar um país forte, próspero, prestigioso e eficaz se melhorar suas relações com o Oriente e o Ocidente simultaneamente”, afirmou. “Qualquer método diferente deste não beneficiará a Turquia, mas a prejudicará.”
Em outubro de 2023, o think tank Carnegie Endowment for International Peace endossou o argumento, dizendo que a estratégia de Ancara, de se dividir entre a Otan e “organizações que desafiam o Ocidente”, não é contraditória. É, sim “parte integrante da ‘política externa de 360 graus’ do país, uma abordagem que prioriza a flexibilidade e a independência estratégica, com o objetivo de regenerar o papel histórico da Turquia como uma grande potência mundial”.
Em agosto, o BRICS já havia anunciado outra expansão durante sua cúpula anual. Na oportunidade, o bloco aceitou as adesões de Argentina, Etiópia, Irã, Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes Unidos, a fim de se estabelecer como um contraponto ao domínio das alianças ocidentais nos assuntos globais.
O presidente chinês Xi Jinping, um dos principais defensores dessa expansão, classificou na oportunidade o aumento de membros como um marco “histórico”. Ele ressaltou a determinação dos países do BRICS em promover a unidade e a cooperação com nações em desenvolvimento mais abrangentes.