Após mais de um ano escondidos na embaixada da Argentina em Caracas, seis opositores do regime de Nicolás Maduro relataram ter vivido sob cerco do governo da Venezuela, com cortes de água, luz e vigilância constante. Já nos EUA, para onde conseguiram fugir, eles descreveram a fuga como uma operação secreta ainda em curso e afirmaram que outros resgates estão sendo preparados. As informações são da agência Associated Press (AP).
“Nosso resgate, nossa fuga, foi uma operação sem precedentes”, disse Magalli Meda, do partido Vente Venezuela, durante entrevista em Washington. Ela relatou que o grupo enfrentou 412 dias de confinamento sob vigilância de agentes do regime e patrulhas ostensivas ao redor da residência, o que os obrigava a permanecerem reclusos e sob tensão permanente.

Entre os episódios mais graves descritos por Meda está a sabotagem deliberada da estrutura diplomática. “Eles cortaram água e eletricidade por longos períodos”, disse. A medida, segundo o grupo, teria como objetivo forçá-los a sair da embaixada, mesmo sem garantias de segurança fora dela.
O governo de Maduro nega as acusações e classifica a operação de saída como uma encenação, alegando que eles foram autorizados a ir embora após negociações diplomáticas
A operação que levou os seis opositores ao exterior é tratada como sigilosa. Meda recusou-se a dar detalhes logísticos, afirmando apenas que “ainda está em andamento” e envolveu “muitas pessoas e enormes riscos”. Também a descreveu como “um milagre” diante do cerco a que estavam submetidos.
A estadia forçada transformou o cotidiano dos abrigados. Sem acesso ao mundo externo, os opositores enfrentaram o esgotamento físico e emocional do confinamento. “Não podíamos sair, sequer abrir uma janela”, relatou uma fonte ligada ao grupo. Apesar das dificuldades, os seis mantiveram comunicação com aliados políticos e continuaram denunciando abusos do regime.
Agora em solo norte-americano, os integrantes do grupo afirmam que outros opositores seguem em risco dentro da Venezuela e que a operação que os resgatou poderá se repetir. “Essa ação não terminou. Ainda há muita gente que precisa ser salva”, disse Meda, sem dar mais informações.