Os Estados Unidos afirmaram que responderão com firmeza ao envio de tropas norte-coreanas para apoiar a Rússia na guerra contra a Ucrânia. O alerta foi dado pelo secretário de Estado Antony Blinken, após Washington e Seul confirmarem que soldados norte-coreanos estão engajados em combates contra forças ucranianas na região de Kursk, no oeste da Rússia. As informações são da Radio Free Asia.
Durante uma visita emergencial a Bruxelas, Blinken reuniu-se com líderes da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da União Europeia (UE) para discutir os próximos passos da política externa americana em relação ao conflito. A reunião ocorreu apenas alguns dias após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais, garantindo-lhe um segundo mandato na Casa Branca.
“Novo elemento”
Em um pronunciamento à imprensa nesta quarta-feira, Blinken destacou a gravidade da situação. “Tivemos hoje uma discussão muito produtiva sobre nosso apoio contínuo à Ucrânia diante da agressão russa em andamento. O envolvimento direto de forças norte-coreanas no conflito é um novo elemento que exige, e receberá, uma resposta firme da nossa parte”, afirmou o secretário.
A confirmação de que tropas norte-coreanas estão no front ao lado dos russos marca uma escalada significativa no conflito, adicionando novas camadas de complexidade geopolítica ao que já é uma guerra prolongada e devastadora.
Pressão por solidariedade europeia
Blinken fez um apelo claro aos aliados europeus para que intensifiquem seu apoio à Ucrânia. “Estamos contando com nossos parceiros europeus e outros aliados para fortalecer a mobilização em favor da Ucrânia”, disse ele, enfatizando a necessidade de uma resposta unificada e robusta.
Ele ressaltou que os países da Otan precisam concentrar seus esforços em garantir que a Ucrânia disponha de recursos financeiros, munições e forças armadas suficientes para continuar sua defesa em 2025. A meta é que o país esteja em uma posição favorável, seja para continuar a luta ou para negociar um acordo de paz a partir de uma posição de força.
A visita de Blinken a Bruxelas também ocorre em meio à transição de governo nos Estados Unidos, com Trump prestes a reassumir a presidência em janeiro. O ex-presidente, conhecido por sua postura crítica em relação ao apoio militar dos EUA à Ucrânia, poderá alterar significativamente a abordagem americana no conflito.
Blinken assegurou que o atual governo Biden está comprometido em utilizar todos os recursos disponíveis até o dia 20 de janeiro, quando Trump deverá assumir o cargo. “Estamos empenhados em garantir que cada dólar disponível seja enviado para apoiar a Ucrânia antes dessa data”, afirmou o secretário, sinalizando uma possível mudança de postura após a transição de governo.
Ele também indicou que os Estados Unidos estão prontos para adaptar sua estratégia militar, incluindo o envio de equipamentos mais modernos, embora tenha evitado fornecer detalhes adicionais sobre esses planos.
Implicações globais
O envolvimento da Coreia do Norte ao lado da Rússia representa uma escalada preocupante que pode ter repercussões globais, intensificando as tensões entre o Ocidente e o bloco liderado por Moscou. Especialistas alertam que a situação pode levar a um alargamento do conflito, envolvendo ainda mais atores internacionais.
À medida que a guerra na Ucrânia se aproxima de seu terceiro ano, a comunidade internacional se encontra em um ponto crítico, com as alianças sendo testadas e o equilíbrio de poder global em jogo. Resta saber como o retorno de Trump à Casa Branca influenciará a dinâmica desse cenário já volátil.
China
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, destacou o papel da China em apoiar o esforço de guerra da Rússia, alertando que a crescente cooperação militar e econômica entre Rússia, China, Coreia do Norte e Irã ameaça a Europa, o Indo-Pacífico e a América do Norte.
Com a China sendo um dos poucos aliados da Coreia do Norte, os EUA temem que o envio de tropas norte-coreanas à Ucrânia agrave o conflito, e já expressaram suas preocupações a Beijing sobre as ações desestabilizadoras de Pyongyang e Moscou.