Ações da Evergrande despencam com notícias de prisões de funcionários

Mercado financeiro reage a uma possível nova investigação sobre a incorporadora chinesa, ainda com problemas financeiros

As ações da China Evergrande sofreram uma queda de até 25% após relatos da aparente detenção de funcionários pela polícia chinesa. A empresa, atualmente a incorporadora imobiliária mais endividada do mundo, está no epicentro de uma crise financeira que afeta todo o setor imobiliário chinês desde 2021. As informações são da rede Sky News.

A negociação das ações da empresa deficitária ficou suspensa por 17 meses, até o final de agosto, devido a uma série de inadimplências e à elaboração de um plano de reestruturação que ainda não foi acordado com seus credores.

As ações sofreram uma queda de 25% no início do pregão em Hong Kong nesta segunda-feira (18), devido a um comunicado emitido pela polícia de Shenzhen, no sul da China, durante o final de semana. O comunicado mencionava a aparente ação legal contra Du Liang, um executivo de alto escalão na unidade de gestão de patrimônio da Evergrande, juntamente com outros indivíduos.

Prédio da China Evergrande Centre, em Hong Kong (Foto: WikiCommons)

O comunicado disse: “Recentemente, as autoridades de segurança pública tomaram medidas legais contra Du e outros suspeitos de crimes na Evergrande Financial Wealth Management Co.

No entanto, não houve informações adicionais sobre a detenção de Du ou de outras pessoas, embora acredite-se que vários indivíduos estejam sob custódia.

Durante os protestos de investidores insatisfeitos que ocorreram na sede da Evergrande em Shenzhen em 2021, Du Liang foi identificado pela equipe como o gerente geral e representante legal da divisão de gestão de patrimônio da incorporadora, segundo a agência Reuters.

A reportagem não conseguiu confirmar se Du está entre as pessoas detidas, uma vez que o comunicado da polícia não especificou o número de detidos, as acusações ou a data das detenções.

A polícia informou que a investigação da unidade de gestão financeira está em curso e encorajou os investidores a relatarem quaisquer novas atividades criminosas no campo financeiro.

Sob suspeita

Susannah Streeter, chefe de dinheiro e mercados da empresa britânica de serviços financeiros Hargreaves Lansdown, observou que a prisão de funcionários da Evergrande que trabalham na gestão de fortunas causou uma acentuada queda no valor das ações da gigante imobiliária. Isso aconteceu devido à preocupação de que novas vulnerabilidades possam surgir à medida que as autoridades investigam profundamente os detalhes internos da empresa.

Segundo ela, as crescentes preocupações com os problemas no setor imobiliário, que podem desencadear focos de instabilidade financeira em outras áreas, estão levantando a possibilidade de medidas paliativas adicionais que, por sua vez, “poderiam prejudicar ainda mais o crescimento econômico”.

Por que isso importa?

Foi o endividamento da Evergrande que chamou a atenção para a crise imobiliária chinesa, símbolo das dificuldades enfrentadas pela economia local e seu outrora próspero setor. Depois de expandir e tomar empréstimos a uma velocidade vertiginosa, a incorporadora alega que tem lutado para juntar o dinheiro que precisa para honrar dívidas em atraso, empréstimos pendentes e salários atrasados.

Hui Ka Yan, fundador e presidente da companhia e que encabeça a lista de bilionários devedores do setor imobiliário chinês, já perdeu pagamentos de cerca de US$ 20 bilhões em títulos internacionais e ainda não ofereceu um plano de reestruturação viável para a empresa. Ele tentou restaurar a confiança no seu negócio em fevereiro de 2022, ao descartar a venda de ativos, alegando que a empresa concluiria metade de seus projetos restantes no decorrer daquele ano.

Em março do ano passado, a Evergrande teve suspensa a negociação de suas ações na bolsa de Hong Kong e foi avisada de que precisa informar as autoridades locais sobre como será executada a reestruturação da companhia. No dia seguinte ao anúncio, a gigante chinesa teve cerca de US$ 2,1 bilhões em dinheiro apreendidos por bancos para o pagamento de credores.

Os problemas na incorporadora tiveram um impacto significativo na economia chinesa como um todo, levando as autoridades a intensificarem suas medidas de estímulo econômico. Isso ocorreu em resposta a desafios mais amplos, incluindo uma queda na demanda do consumidor.

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