Austrália alega segurança e impede Rússia de construir embaixada perto do Parlamento

Governo australiano pretende cancelar o contrato de arrendamento de Moscou para construir uma nova embaixada em Camberra

Nesta quinta-feira (15), o Parlamento australiano aprovou uma lei com o objetivo de impedir a construção de uma nova embaixada russa nas proximidades do Parlamento. A motivação para essa medida está relacionada às preocupações com espionagem e interferência política, que surgiram devido às crescentes tensões entre Moscou e Camberra, esta forte apoiadora de Kiev na luta contra os invasores. As informações são da agência Associated Press.

O primeiro-ministro Anthony Albanese explicou que essa legislação irá cancelar o arrendamento do terreno destinado à segunda embaixada russa, seguindo os conselhos das agências de segurança.

“Com base em conselhos claros de segurança, o governo reconheceu o risco representado por uma nova presença russa tão próxima ao Parlamento”, disse Albanese em coletiva de imprensa. “Estamos agindo rapidamente para garantir que o terreno arrendado não seja usado como uma presença diplomática oficial.”

Sede do Parlamento australiano (Foto: WikiCommons)

Albanese ainda reforçou que o governo australiano condena firmemente a “invasão ilegal e imoral da Ucrânia pela Rússia“.

Austrália tem sido um dos principais fornecedores de equipamentos militares, treinamento e assistência à Ucrânia, mesmo não sendo membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Além disso, desde o início da guerra em fevereiro de 2022, o país intensificou as sanções contra a Rússia, proibindo as exportações de alumina e minérios de alumínio, incluindo bauxita.

No ano passado, o governo australiano demonstrou uma crescente hostilidade em relação à Rússia, especialmente após autoridades locais responsabilizarem Moscou por ciberataques que levaram à extração de registros médicos da maior seguradora de saúde do país, a Medibank, disponibilizados na dark web. A Austrália raramente responsabiliza um país por um crime cibernético não solucionado.

Albanese informou que a oposição e outros legisladores independentes foram notificados sobre a legislação na noite de quarta-feira (14) e concordaram em aprová-la em ambas as câmaras do Parlamento na quinta-feira. Embora o governo tenha maioria na Câmara, não detém a maioria no Senado.

Três horas após o anúncio público feito por Albanese, o projeto de lei foi rapidamente aprovado, passando pela Câmara e pelo Senado. Espera-se que a lei entre em vigor imediatamente, após a aprovação do governador-geral David Hurley, em nome do chefe de Estado da Austrália, o rei Charles III.

Após a Rússia obter uma vitória judicial no Tribunal Federal no mês passado, que impediu sua remoção do local atualmente em construção, o governo australiano decidiu tomar medidas.

As autoridades locais de Canberra cancelaram o contrato de arrendamento de 99 anos, citando a falta de atividade de construção desde que a Rússia obteve o arrendamento do terreno. Os planos para o complexo de edifícios foram aprovados em 2011.

De acordo com as condições do contrato de arrendamento, a Rússia concordou em concluir a construção em três anos. No entanto, apenas um pequeno edifício perimetral do complexo planejado foi construído até o momento. Moscou alega ter gastado US$ 5,5 milhões no local.

Atualmente, a Rússia ocupa a antiga embaixada da União Soviética localizada no subúrbio de Griffith, que está mais distante do Parlamento em comparação com o novo local, que ofereceria à Rússia dois conjuntos de edifícios.

Albanese afirmou que a Embaixada da Rússia continuaria localizada em Griffith, enquanto a Embaixada da Austrália permaneceria em Moscou.

Sentimento “anti-russo”

O Kremlin criticou a ação da Austrália, classificando-a como hostil e refletindo o que considera ser um sentimento antirrusso por parte das autoridades australianas, repercutiu a agência Reuters.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou em coletiva de imprensa: “Lamentavelmente, a Austrália continua avançando de forma entusiástica como um dos propagadores da histeria anti-russa que está se espalhando pelo mundo ocidental. Este é mais um movimento hostil por parte da Austrália, que levaremos em consideração. Se surgirem questões que exijam reciprocidade de nossa parte, também agiremos de acordo.”

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