Após retirada de tropas russas, Azerbaijão e Armênia avançam em acordo para evitar conflito

Governo armênio entrega ao vizinho quatro aldeias que havia tomado na década de 1990, sob o argumento de evitar uma guerra

Azerbaijão e Armênia deram mais um passo rumo a um acordo diplomático cujo objetivo é evitar uma guerra entre os dois países. Na quinta-feira (16), Yerevan aceitou o pedido de Baku para entregar-lhe quatro aldeias na região de fronteira que haviam sido tomadas pelos armênios na década de 1990, segundo informações do sie The Defense Post.

Agora, os dois países seguem negociando para estabelecer o que alegam ser um acordo de paz mais amplo. Em março, Nikol Pashinian, primeiro-ministro da Armênia, disse a moradores de um aldeia fronteiriça na região de Tavush que a recusa em entregar as áreas reivindicadas pelo governo azeri “significaria que uma guerra poderia estourar.”

Um dos raros registros dos líderes da Armênia, Nikol Pashinyan (esquerda), e do Azerbaijão, Ilham Aliyev, junto, no Fórum Econômico Mundial, Davos, janeiro de 2019 (Foto: Divulgação/Presidência Azerbaijão)

As quatro aldeias, todas desabitadas, ficam na região de Nagorno-Karabakh, que declarou independência após uma guerra com o Azerbaijão entre 1992 e 1994, na qual 30 mil pessoas morreram e centenas de milhares foram desalojadas. A reivindicação dos separatistas cristãos armênios, no entanto, jamais foi reconhecida internacionalmente.

O Azerbaijão retomou o controle de partes do enclave após uma guerra que durou seis semanas em 2020, e em setembro de 2023 derrotou definitivamente as forças separatistas armênias após uma rápida ofensiva. A vitória azeri levou mais cem mil armênios a deixarem Nagorno-Karabakh.

Agora, como parte do acordo de paz que evitou um conflito mais amplo no ano passado, a Armênia concordou com a delimitação da fronteira a partir de mapas de 1991 estabelecidos pela extinta União Soviética, o que tem gerado protestos da população armênia.

Os cidadãos armênios alegam que Pashinian entregou território ao Azerbaijão sem receber qualquer contrapartida, mas o primeiro-ministro enxerga o acordo com o Azerbaijão como uma vitória. segundo ele, é “um marco para fortalecer ainda mais a soberania e a independência” do país.

“Pela primeira vez desde a independência (da União Soviética em 1991), a nossa república tem uma fronteira oficialmente delimitada”, disse Pashinian durante reunião de gabinete na quinta. “Isso leva nossa segurança e estabilidade a um novo nível.”

Armênia x Rússia

A derrota militar de setembro levou a Armênia a comprar briga com a Rússia, acusada de conivência com a ofensiva do Azerbaijão. Em resposta, Yerevan anunciou, em outubro, sua adesão ao Tribunal Penal Internacional (TPI), movimento classificado como “extremamente hostil” por Moscou.

Num sinal de que pretende se voltar cada vez mais ao Ocidente e abandonar de vez a Rússia, a Armênia ainda determinou que soldados russos que estavam estacionados em sua fronteira se retirassem, o que foi acatado por Moscou na semana passada.

De acordo com o site Politico, Hayk Konjoryan, líder parlamentar do partido governista, afirmou que “foi alcançado um acordo” para retirar os guardas de fronteira russos das regiões de Tavush, Syunik, Vyats Dzor, Gegharkunik e Ararat, ao longo da tensa divisa com o Azerbaijão.

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