Austrália classifica ações da China no seu espaço aéreo como ‘inaceitáveis’

Governo australiano acusou um caça chinês de disparar sinalizadores que colocaram em risco a tripulação de um helicóptero

Nesta terça-feira (7), o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, fez uma acusação direta à China, alegando que suas ações representaram uma séria ameaça à segurança das forças de defesa de Camberra em uma operação internacional. Ele se manifestou após um incidente durante missão ligada às sanções da ONU (Organização das Nações Unidas) contra a Coreia do Norte, envolvendo um caça chinês e um helicóptero australiano em águas internacionais sobre o Mar Amarelo. As informações são da rede CNN.

Albanese não poupou palavras ao descrever a conduta de Beijing como “inaceitável”, ressaltando a seriedade do incidente e a exigência de uma explicação imediata por parte da China. Em declarações à emissora Nine Network Television, o primeiro-ministro deixou claro que o governo australiano comunicou firmemente à China que tais comportamentos são considerados tanto “não profissionais quanto inaceitáveis”.

O incidente ressalta as crescentes tensões entre Austrália e China, já sobrecarregadas por disputas políticas e comerciais recentes.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, em imagem de 2022 (Foto: WikiCommons)

Na segunda-feira (6), o ministro da Defesa da Austrália, Richard Marles, relatou que um caça a jato chinês disparou sinalizadores na rota de voo de um helicóptero da Marinha Australiana despachado de Hobart.

Segundo Marles, os sinalizadores foram lançados a uma distância perigosa, apenas 300 metros à frente e 60 metros acima do helicóptero Seahawk australiano. Diante da situação, o piloto teve que agir rapidamente, adotando medidas evasivas para evitar uma potencial colisão com os sinalizadores, acrescentou o chefe da pasta.

Marles enfatizou que as consequências de ser atingido pelas chamas dos sinalizadores teriam sido graves, destacando a seriedade do incidente. Ele reafirmou a determinação da Austrália em continuar participando de atividades legais e em aplicar as sanções da ONU contra Pyongyang, enfatizando o compromisso do país com suas responsabilidades internacionais, repercutiu a rede Deutsche Welle..

Apesar do incidente tenso, o ministro da Defesa não relatou danos ou prejuízos resultantes do confronto entre o caça chinês e o helicóptero australiano.

Na entrevista, Albanese compartilhou que, apesar de ter expressado suas preocupações através dos canais diplomáticos após o incidente, a China ainda não forneceu uma resposta oficial.

Este incidente representa o mais sério confronto entre os dois países desde que a Austrália acusou um navio chinês de ferir mergulhadores da Marinha australiana em águas japonesas em novembro passado.

O episódio também se assemelhou a um encontro entre um caça chinês e um helicóptero militar canadense ocorrido no final de outubro sobre o Mar da China Meridional. Naquela ocasião, também foram disparados foguetes em direção ao helicóptero.

Por que isso importa?

A relação cordial entre China e Austrália começou a deteriorar em 2018, quando Camberra proibiu a Huawei em sua rede móvel 5G, citando riscos de interferência estrangeira. E teve piora em 2020, quando os australianos cobraram uma investigação independente sobre a origem do coronavírus em Wuhan, o que despertou a ira dos chineses.

Um documento de 14 páginas vazado de forma deliberada pela Embaixada da China na Austrália, em novembro do ano passado, já apontava a grave deterioração nas relações entre os dois países. Nele, Beijing acusava o então primeiro-ministro Scott Morrison de “envenenar as relações bilaterais”.

A carta ainda culpava Camberra pelos relatórios “hostis e antagônicos” sobre a China na mídia australiana independente e pelos ataques ao acordo da Nova Rota da Seda (BRI, na sigla em inglês, de Belt And Road Initiative) no estado de Victoria, onde fica Melbourne.

Atualmente, porém, as relações têm melhorado, sobretudo após a eleição do Partido Trabalhista de centro-esquerda de Albanese, após nove anos de governo conservador. Nesse novo cenário, Beijing eliminou diversas barreiras comerciais, tanto oficiais quanto não oficiais, que afetavam as exportações australianas.

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