Austrália investiga assassinatos de civis por suas tropas no Afeganistão

Investigação de quatro anos traz evidências de 'crimes de guerra' por soldados australianos no Afeganistão em 2012

Uma investigação de quatro anos da Inspetoria-Geral das Forças de Defesa da Austrália aponta que soldados australianos mataram cerca de 40 civis inocentes durante o conflito no Afeganistão em 2012.

O inquérito, entregue ao tribunal militar de Nova Gales do Sul, aponta crimes de guerra por 25 soldados da ativa e da reserva da Austrália. A emissora ABC divulgou trechos do processo nesta quinta (19).

De acordo com a perícia, os soldados envolvidos nas mortes eram atiradores de elite do 2º Esquadrão SAS. O relatório aponta que homens, mulheres, idosos e crianças foram mortos sob suspeita de pertencerem ao Taleban.

Civis afegãos foram mortos em conflito por soldados australianos, diz perícia
O juiz e general Paul Brereton em pronunciamento sobre os crimes de guerra de soldados australianos no Afeganistão, em novembro de 2020 (Foto: Ministério da Defesa/Australia)

Dois adolescentes de 14 anos teriam sido degolados. “Eles os pararam, revistaram e cortaram suas gargantas”, disse uma testemunha.

“Este registro vergonhoso inclui supostos casos em que novos membros da patrulha eram coagidos a atirar em um prisioneiro para alcançar a ‘primeira morte’ entre os soldados”, relata o general Angus Campbell.

Depois de atirarem, os criminosos deixavam armas ou equipamentos estrangeiros próximos ao corpo da vítima para criar a narrativa de que o golpe foi suicida ou mobilizado por um grupo adversário.

“Além de conceber e cometer os crimes, eles ainda os ocultaram”, disse o juiz Paul Brereton, responsável pelo caso.

Responsáveis indiciados

Desde que o caso veio à público, a população e autoridades australianas já consideram os crimes como os mais vergonhosos da história militar do país, relatou a ABC.

O próximo passo será indiciar os soldados criminalmente. “Mesmo os comandantes mais graduados são os responsáveis morais pelo o que aconteceu sob os seus comandos”, afirmou Brereton.

Não há, no entanto, qualquer evidência de que os líderes dos esquadrões sabiam ou faziam “vista grossa” aos crimes das tropas da Austrália contra civis.

A investigação sobre a morte de civis começou em 2016 e reúne entrevistas de 423 testemunhas, mais de 25 mil imagens e pelo menos 20 mil documentos. Agora a Defesa da Austrália deve eliminar o esquadrão das ordens de batalha.

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