A Otan (Organização Tratado do Atlântico Norte) receia que o crescente poder financeiro do Taleban torne o grupo islâmico “imune à pressão” da comunidade internacional. A informação consta em relatório confidencial ao qual a Radio Free Europe teve acesso.
A independência financeira do grupo pode colocar em risco as negociações para um cessar-fogo com o governo do Afeganistão após 19 anos de conflito. “Isso permite que o Taleban autofinancie sua insurgência sem a necessidade de governos ou cidadãos de outros países”, diz o relatório.
O documento se baseou em conversas com membros do Taleban, funcionários afegãos e especialistas estrangeiros, disse a RFE.
O fator financeiro também assegura um “relacionamento contínuo” entre o grupo islâmico e grupos terroristas como a Al-Qaeda, diz o relatório.
Organização interna
De acordo com o documento da Otan, o Taleban expandiu a capacidade financeira através do tráfico de drogas, mineração ilegal e exportações. A estimativa é que, nos últimos anos, o grupo tenha gerado US$ 1,6 bilhão.
À frente da expansão está o mulá Mohammad Yaqoob, um jovem líder militar que assumiu o financiamento do grupo recentemente. Filho do ex-líder espiritual do Taleban, Mohammad Omar, morto em 2013, Yaqoob quer assumir a liderança do grupo.
“Sem uma ação global, o Taleban continuará sendo uma organização extremamente rica, com um fluxo de financiamento autossustentável e apoio externo de potências regionais“, alertou a pesquisadora e jornalista, Lynne O’Donnell, que assina o documento da Otan.
Até o momento, acredita-se que Yaqoob apoia o acordo de paz entre o grupo extremista e o governo afegão. Hoje o Paquistão e Irã são considerados os principais apoiadores do Taleban.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.