Chefe de direitos humanos da ONU insta Bangladesh a agir para preservar a democracia

Volker Turk expressou preocupação com violência e repressão contra a população durante o recente processo eleitoral no país

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O alto comissário de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Volker Turk, pediu que o novo governo eleito de Bangladesh tome medidas para renovar o compromisso do país com a democracia e os direitos humanos, expressando preocupação com a violência e repressão de candidatos e apoiadores da oposição no ambiente das eleições do último domingo.

A imprensa internacional destaca que a vencedora das eleições parlamentares, a primeira-ministra Sheikh Hasina, está no poder desde 2009. Ela vai para seu quinto mandato após a disputa, boicotada pela oposição. Segundo agências de notícias, os opositores argumentavam que o pleito não seria livre ou honesto e denunciaram “uma eleição falsa”.

Ele adicionou que, no período que antecedeu a votação, milhares de apoiadores da oposição foram detidos arbitrariamente ou sujeitos a intimidação. Para o alto comissário, tais táticas não contribuem para um “processo genuíno”.

Protesto contra a violência em Bangladesh (Foto: Faisal Akram/Flickr)

Ele pediu ao governo que tome as medidas necessárias para garantir que os direitos humanos de todos os bengalis sejam plenamente considerados e para “fortalecer as bases de uma democracia verdadeiramente inclusiva no país.”

Prisões em massa, ameaças, desaparecimentos forçados, chantagem e vigilância foram métodos supostamente usados ​​por autoridades policiais antes da votação, boicotada pelo principal partido de oposição, o Bangladesh Nationalist Party (Partido Nacionalista de Bangladesh). 

Também foram relatados atos de violência política, incluindo ataques incendiários alegadamente cometidos por grupos de oposição.

Defensores de direitos humanos

Segundo o alto comissário, aproximadamente 25 mil apoiadores da oposição foram presos, incluindo líderes-chave do partido, desde 28 de outubro. Pelo menos dez apoiadores da oposição teriam morrido, ou foram mortos, sob custódia nos últimos dois meses, levantando sérias preocupações sobre possível tortura ou condições severas de detenção.

Muitos defensores dos direitos humanos foram forçados a se esconder e alguns fugiram do país, enquanto dezenas de casos suspeitos de desaparecimentos forçados foram relatados, principalmente em novembro.

Para Turk, esses incidentes devem ser investigados de forma independente e os responsáveis “devem ser levados à justiça em julgamentos justos e transparentes”. Ele adiciona que as violações e irregularidades durante a campanha e no dia da eleição também devem ser investigadas minuciosamente e de forma eficaz.

Volker Turk aponta que a democracia foi conquistada com dificuldade em Bangladesh e não deve ser “apenas superficial”.

Para o chefe dos Direitos Humanos, Bangladesh tem sido um modelo de desenvolvimento. Ele espera que as esferas políticas e institucionais também reflitam os avanços, já que “o futuro de todos os bengalis está em jogo.”

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